• Carregando...

Castro – O descompasso entre o crescimento da produção e do consumo de leite no Brasil poderá gerar uma crise de superoferta do produto nos próximos anos. A conclusão é de um estudo elaborado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), com base em números oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2010, segundo o estudo, a produção nacional ficará próxima dos 30 milhões de litros, para um consumo de 24,3 milhões de litros. No Paraná, a relação será ainda mais desproporcional. O estado produzirá 2,81 milhões de litros, para um consumo que não chegará a dois terços desse volume: 1,58 milhão de litros.

A principal causa da disparidade é a estagnação no consumo de leite no Brasil. Enquanto a produção – respaldada em melhoria genética dos rebanhos, um cuidado maior com a sanidade e ganhos de produtividade – cresce 4% ao ano no Paraná (3,8% na média brasileira), o aumento anual do consumo não passa de 0,9%, praticamente o crescimento da população.

"É uma soma de falta de renda e de percepção do valor nutricional do leite", avalia Maria Silvia Digiovani, agrônoma da Faep e secretária do Conseleite, conselho paritário formado por produtores e indústrias, que mensalmente estipula os preços do produto no Paraná.

O consumo per capita brasileiro está estagnado em 70 litros anuais de leite fluido (130 quando incluídos queijos e derivados), abaixo da recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 180 litros. Na Argentina, o consumo extrapola a casa dos 200 litros/habitante/ano e, nos Estados Unidos, chega a 250. No ano passado, o consumo de refrigerantes cresceu 5% no Brasil.

O excesso de oferta de leite – já uma realidade – é o principal entrave para a recuperação dos preços. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), órgão da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), de Piracicaba (SP), aponta que o preço pago ao produtor acumula alta de 19,8% no primeiro semestre deste ano. Mas a alta ainda não compensa as perdas dos anos anterior. A média fechou o semestre em R$ 0,50 o litro, contra R$ 0,60 em junho do ano passado.

Segundo Ronei Volpi, presidente da Comissão Técnica de Leite da Faep e vice-presidente do Conseleite, a média paga ao produtor paranaense em julho foi de R$ 0,48 o litro, abaixo do custo de produção, de R$ 0,52. Nos próximos meses, a tendência é de queda nos preços, por causa do aumento da produção com a chegada da primavera e a recuperação das pastagens.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]