A colheita da safra 2009/10 começou com uma surpresa na Argentina. Nas primeiras áreas colhidas, o rendimento das lavouras de milho tem ficado acima do esperado, o que indica que a produção do cereal será pelo menos 3 milhões de toneladas maior que o inicialmente previsto, ultrapassando as 20 milhões de toneladas. A estimativa, que será divulgada nos próximos dias pelo Ministério da Agricultura do país (MinAgri), foi antecipada aos técnicos e jornalistas da Expedição Safra, ontem, em Buenos Aires.
"O ministério está trabalhando com um intervalo de 19 a 21 milhões de toneladas para o milho e de 51 a 53 milhões de toneladas para a soja. Minha opinião pessoal é que o cereal vai superar 20 milhões de toneladas e que a safra de soja certamente será recorde, mesmo que não chegue a 53 milhões", declarou Marcelo Yasky, coordenador do setor de estatísticas do MinAgri.
"O milho está rendendo muito bem. As primeiras colheitas costumam ter as melhores produtividades. Mas, de qualquer maneira, o bom resultado já está garantido. No caso da soja, ainda há uma insegurança com o clima, pois as lavouras estão mais atrasadas", confirma Fernando Julian Echazarreta, subgerente-geral da Associação das Cooperativas Argentinas (ACA).
Conforme levantamento do MinAgri, as máquinas passaram por 2% dos 3,25 milhões de hectares cultivados com milho na Argentina neste ano. A colheita dos 18,2 milhões de hectares de soja começa apenas em abril 30 a 40 dias após o início dos trabalhos no Brasil.
Para Robson Mafioletti, analista da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), a projeção que chega com o início da colheita é mais realista porque traz um retrato fiel do desempenho da produção argentina. "Com as lavouras em ponto de colheita, o milho tem condições de atingir um volume total próximo a 20 milhões de toneladas. A possibilidade de o cereal ser prejudicado por alguma adversidade climática é praticamente nula."
No caso da soja, uma previsão mais concreta virá apenas no início de abril. "O comportamento do clima e a capacidade de controle das doenças de final de ciclo, que aparecem principalmente com o excesso de umidade, é que vão determinar o rendimento da oleaginosa", avalia o analista. De qualquer maneira, prevê Mafioletti, "podemos esperar uma safra recorde de soja na Argentina, acima das 48,8 milhões de toneladas registradas no ciclo 2006/07".
A partir de hoje, depois da agenda na capital Buenos Aires, a equipe da Expedição segue para avaliar in loco as condições da safra argentina. Estão agendadas visitas a propriedades rurais nas três principais províncias do cinturão de produção do país, Buenos Aires, Santa Fe e Córdoba. Na tarde de hoje, os técnicos e jornalistas também participam de uma conferência de imprensa na Expoagro 2010, uma das maiores feiras agropecuárias da Argentina, que ocorre em Baradero. Eles vão apresentar um balaço prévio da produção de grãos da América do Sul e América do Norte.
Serviço: Acompanhe a Expedição Safra no endereço www.rpc.com.br/expedicaosafra.
