Com uma produção de 131 milhões de toneladas, o Brasil encerra mais um ano agrícola. E com o plantio de soja e milho inicia neste mês uma nova safra de verão. Além de recorde, o atual desempenho confirma as tendências de retomada do setor, que depois de atingir 123 milhões de toneladas na safra 2002/03 caiu a 119 milhões (2003/04) e depois a 115 milhões (2004/05). Embora ruim, o ciclo fechado no ano passado já apontava para um cenário de recuperação, com 122 milhões de toneladas.
Os resultados consideram reduções provocadas por diminuição de área, frustrações climáticas e, por motivos diversos, redução do investimento tecnológico. Mas essa variação também tem feito com que o agronegócio brasileiro reflita sobre um processo de evolução da agricultura: o ganho tecnológico que modernizou e otimizou a maneira de trabalhar a terra. Em 30 anos, a produção nacional de grãos cresceu 180%. O aumento da área, no entanto, foi menor que 50%.
Para traduzir esse fenômeno, só existe uma palavra: tecnologia. Há muito tempo produzir deixou de ser para aventureiros. Num ambiente cada vez mais competitivo, plantar e colher passou a ser atribuição de profissionais. Clima e câmbio são determinantes, mas é a gestão técnica e econômica do negócio que vai garantir o sucesso da atividade. Não basta ter terra e dinheiro para plantar, hoje é preciso ter vocação para ser agricultor.
São produtores com esse perfil que nas últimas três décadas ajudaram a mudar a forma de fazer agricultura no Brasil. Um dos exemplos mais práticos é o plantio direto na palha, que completa 35 anos. O sistema, onde o Paraná foi pioneiro, provocou uma verdadeira revolução no campo e fomentou a discussão sobre produção sustentável. Mas, infelizmente, apesar do apelo econômico e ambiental, a técnica ainda não seduziu a maior parte dos produtores brasileiros. Calcula-se que somente metade dos 50 milhões de hectares cultivados adotam o plantio direto. O Paraná, porém, pode ser considerado a redenção do país. Entre 80% e 90% dos 5 milhões de hectares se renderam a esse modelo.
Enquanto muitas regiões ainda resistem ao pioneirismo do Paraná, por aqui o plantio direto caminha para consolidar uma segunda geração em evolução tecnológica. O estado investe agora na integração lavoura e pecuária, onde a técnica de cultivo que protege o solo é a base da proposta de diversificação. Na edição de hoje, o Caminhos do Campo mostra como a produção agrícola e de carne podem conviver juntas, otimizar recursos e maximizar resultados dentro da propriedade.