Ponta Grossa - A busca por maior produção e menor custo fez Celso e Cassio Kossatz, pai e filho, buscarem um novo modelo de gestão para as três propriedades que mantêm nos Campos Gerais paranaenses. Há sete anos, começaram a utilizar técnicas de mapeamento do solo e da produtividade das lavouras e hoje comemoram os resultados do investimento. Desde então, relatam ter conseguido reduzir o uso de insumos, aumentar o rendimento das máquinas e elevar a produtividade média das lavouras.
"Neste ano, pela primeira vez, conseguimos superar a marca de 10 mil quilos de milho por hectare. Na última safra de seca, sustentamos média de 9 mil quilos", comemora Cássio, que cultiva 2,7 mil hectares de grãos nos municípios de Ponta Grossa, Ipiranga e Tibagi. No último verão, colheu média de 10,5 mil quilos do cereal e 3,8 mil quilos de soja por hectare. Ele credita os bons resultados à adoção de uma tecnologia conhecida como agricultura de precisão, que consiste, basicamente, em três ações: aquisição de dados, análise dessas informações e implementação de uma política de gerenciamento sustentável da produção com base nesses dados.
"Sempre investimos muito em tecnologia, mas a agricultura de precisão foi o grande salto. Os resultados variam muito conforme as características do solo. De maneira geral, já no primeiro ano é possível diminuir em 60% a adubação e manter a produtividade", afirma Cássio, que convenceu o pai a investir na técnica depois de estudar o tema durante a faculdade de agronomia. Desde que começou a usar o sistema de grid de amostragem do solo, há sete anos, ele calcula ter conseguido reduzir em 20% o uso de calcário, diminuir em 40% a aplicação de fósforo e, em alguns anos, até eliminar a necessidade de cloreto de potássio
"A agricultura de precisão é como uma colcha de retalhos, pois permite ao produtor tratar cada pedacinho da sua propriedade como se fosse único. A grande vantagem está na racionalização dos principais recursos da agricultura: terra, tempo e dinheiro. Ao utilizar melhor suas máquinas, o agricultor não vai ter desperdício de combustível, fertilizantes e defensivos, o que se reflete em maior lucratividade", explica Mariana Camargo, da Case IH.
A técnologia passa hoje por um processo de consolidação semelhante ao que ocorreu nos anos 80 com o plantio direto na palha, que levou mais de 20 anos para se estabelecer como o principal sistema de manejo do solo no Brasil. A agricultura de precisão cresce a passos largos, ganhando, ano a ano, novos adeptos em todas as regiões do país e, apesar de ainda está longe de ser uma tecnologia altamente disseminada no Brasil, deve se expandir ainda mais nos próximos anos.
"Nossa meta para 2011 é no mínimo dobrar as vendas de equipamentos para a agricultura de precisão com relação ao ano passado", prevê Mariana, sem citar números. A holding CNH, fabricante das marcas Case IH e New Holland, contabiliza crescimento de 350% nas vendas em 2010 e projeta aumento de 300% na comercialização para este ano.
Mariana relata que hoje existem equipamentos para serem utilizados em qualquer tipo de máquina agrícola, como tratores, pulverizadores e colheitadeiras de grãos. "A agricultura de precisão é o futuro do campo. E não apenas para os grandes produtores. Pequenos e médios também já estão usando os equipamentos", diz, garantindo que há opções para todos os bolsos.
Se depender de produtores como Cassio, o crescimento desse mercado está garantido. Depois de investir cerca de R$ 400 mil em equipamentos de agricultura de precisão, como monitor de colheita e piloto elétrico, nos últimos sete anos, já planeja a próxima compra: uma semeadeira de precisão. "O investimento tem que ser contínuo. Quando a tecnologia é boa, se paga e pouco tempo", considera.
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