O presidente Michel Temer chegou pouco antes das 19 horas deste domingo (19), à churrascaria Steak Bull, antigo Porcão, no Lago Sul em Brasília, para participar de um rodízio de carnes, conforme havia prometido ao final da coletiva realizada neste domingo no Palácio do Planalto, após reunião para tratar dos reflexos da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira (17), e que descobriu um esquema de corrupção praticado por frigoríficos brasileiros.
O detalhe é que a carne bovina que Temer e seus convidados comeram não era de origem brasileira, segundo funcionários do próprio restaurante. Somente as carnes suínas e de frango servidas no local são nacionais. A carne bovina é importada da Argentina, Uruguai e Austrália.
Temer foi acompanhado de ministros, assessores, do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e embaixadores de países que compram o produto brasileiro. Entre os ministros, Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, Blairo Maggi, da Agricultura, e Marcos Pereira, da Indústria e Comércio Exterior. O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, não compareceu.
A comitiva sentou a uma grande mesa, no centro do restaurante, próximo ao buffet de saladas. Temer estava no centro, ladeado por embaixadores, como o da China. Além do rodízio de carnes, há outros acompanhamentos, como fritas, pastéis, camarões e feijão tropeiro.
Reunião
Temer afirmou que vai acelerar o processo de auditoria nos 21 frigoríficos citados na denúncia a partir desta semana, disse ter confiança na qualidade da produção nacional e que as plantas exportadoras estão abertas para inspeção de países importadores e ao acompanhamento das atividades de controle. “O governo federal quer reiterar a confiança na qualidade da produção nacional”, declarou ele. “O Ministério da Agricultura tem rigoroso serviço de inspeção. Esse padrão de excelência abriu as portas para mais de 150 países.”
Temer citou ainda números da produção para tentar assegurar a qualidade dos produtos. “Ao longo dos últimos anos não foram identificadas objeções. Em 2016 foram expedidas 853 mil partidas de produtos de origem animais e apenas 184 foram consideradas fora da conformidade”, citou o presidente, antes da reunião. De acordo com ele, em boa parte dos casos, as irregularidades estavam ligadas a problemas de rotulagem.
“A reunião de hoje é para prestar esclarecimentos. A notícia pode ter gerado uma preocupação muito grande, especialmente de países que importam a carne como consumidores brasileiros”, afirmou o presidente. Temer observou ainda que, das 4.837 unidades sujeitas à inspeção federal, apenas 21 estão supostamente envolvidas em irregularidades. “E dessas 21, seis exportaram nos últimos 60 dias”, disse o presidente.
De acordo com Temer, o Ministério da Agricultura deverá informar a empresa exportadora do lote e o destino. Segundo ele, o objeto da operação não é o sistema de defesa agropecuária brasileira, cujo rigor é conhecido, mas o desvio de condutas. Todas as plantas exportadoras permanecem abertas para inspeções dos países importadores e ao acompanhamento das atividades de controle.