Quem levantou cedo hoje já sentiu bem a diferença na temperatura. Depois do calorão das últimas semanas, deixando abril de 2016 como um dos mais quentes da história, e do tempo seco em praticamente todo o Paraná, a quarta-feira (27) começou bem fria no Estado, com temperaturas mínimas atingindo até 2,8ºC em Inácio Martins, centro-sul, Palmas marcou 2,9 ºC, Guarapuava chegou a 3,9ºC e em Curitiba os termômetros registraram 6ºC no início da manhã.
De acordo com o Instituto Simepar, apesar do frio mais intenso em algumas áreas, a umidade do solo devido às chuvas do início da semana inibiu a formação de geadas. Mas a previsão para quinta-feira (28) já indica a ocorrência de geada forte para as regiões centro-sul, sudoeste, oeste e sul do Estado. De acordo o secretário executivo do Sindicato Rural de Cascavel, Paulo Cézar Vallini, a região amanheceu bastante fria, mas sem geada. “Hoje o tempo está encoberto e a gente torce para ficar assim, pois se o céu limpar pode vir geada e estamos em um momento crítico das lavouras de milho safrinha”, diz Vallini.
Em Guarapuava, no centro-sul, a mínima deve ser de 1ºC, com risco de geada na quinta e previsão de geada na sexta-feira (29). Em Pato Branco, no sudoeste, os termômetros chegam a 0ºC, também com geada pela frente. Em Cascavel, no oeste, as mínimas chegam a 2ºC. Em Palmas, a mínima prevista pode chegar aos 2ºC negativos.
Conforme o meteorologista da Somar, Marco Antônio dos Santos, as geadas serão localizadas e não devem afetar drasticamente as principais áreas de milho safrinha, mas podem ter mais impacto sobre os milhos que já estão mais “debilitados” pelo estresse hídrico registrado em abril. “Eu acredito que o impacto não será tão grande, mas o cereal que já sofreu com a seca e o calor pode sofrer mais”, afirma.
Apesar de não ter milho safrinha, em Guarapuava a preocupação dos produtores é com as áreas de pastagem e também com o feijão e a batata que ainda estão em campo. “As grandes culturas já foram colhidas. Agora temos as áreas menores de feijão e batata. A expectativa não é de geada forte, então o impacto não deve ser grande”, diz o vice-presidente do Sindicato Rural, Anton Gora.
Em decorrência do tempo muito seco e quente dos últimos 30 dias, o desenvolvimento do cereal foi comprometido e, conforme o secretário, grande parte das lavouras ainda não estão com os grãos totalmente cheios e secos. “Os grãos ainda estão com água e uma geada nesse momento pode afetar a produtividade das lavouras que já estão comprometidas pois o florescimento se deu justamente no período mais seco da safra. Não temos os números ainda, mas alguma coisa de quebra vamos registrar”, afirma Vallini.