Há 20 anos, fronteira agrícola no Brasil era o Mato Grosso. A terra prometida, cantada em prosa e verso, atraiu dezenas, centenas, milhares de agricultores como também muitos aventureiros. Foi, inclusive, desbravada com ajuda de uma empresa paranaense, a Sociedade Imobiliária do Norte do Paraná, cuja sigla, Sinop, empresta o nome a uma das mais importantes cidades daquele estado.
Ia tudo muito bem, não fosse a distância, que parece ter sido subestimada no processo de incorporação do Centro-Oeste à produção agrícola brasileira. Para deixar o estado, uma carga de soja precisa percorrer, de caminhão, trem ou navio, no mínimo, 2 mil quilômetros até os principais portos, centros de consumo ou de processamento. Os agricultores se superam, vamos fazer justiça. Mas também é verdade que a infraestrutura é uma deficiência crônica, um problema gigantesco chamado logística.
Dadas a realidade e as dificuldades do Centro-Oeste, o remédio foi partir em busca de novas e mais viáveis fronteiras. Foi então que o Brasil e o mundo, há pouco mais de dez anos, voltaram seus olhos para a metade Norte do mapa tupiniquim. Do Tocantins ao Maranhão, da Bahia ao Piauí, as divisas territoriais não fizeram diferença. O sonho de muitos agricultores, migrantes do Sul, adiado no Mato Grosso, começa a ganhar força no Cerrado, na região batizada de MaToPiBa.
Mais próximos dos portos e também dos consumidores, esses estados estabelecem um diferencial competitivo, que impulsiona a incorporação de novas áreas e faz o agronegócio acontecer num ritmo alucinante. Em uma década, a área de soja cresceu 150% e a de milho mais de 40%. Na edição de hoje, o Caminhos do Campo mostra o potencial dessa região e alguns personagens, produtores e filhos de produtores, que acreditaram e tornaram esse sonho realidade.
