A gestão da água é fundamental para a geração de empregos e para o desenvolvimento econômico, aponta o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Desenvolvimento Mundial dos Recursos Hídricos, lançado nesta terça-feira, 22, em mais de 20 países, entre eles o Brasil. O estudo, que neste ano tem como foco principal o mercado de trabalho, concluiu que três em cada quatro empregos dependem da água.
Apresentado durante seminário na Agência Nacional das Águas (ANA), o documento afirma que a oportunidade para geração de trabalho está diretamente ligada com a gestão sustentável dos recursos hídricos. A agricultura, a pesca e a silvicultura concentram 1 bilhão de trabalhadores, que usam 70% da água mundial - dados que preocupam se for considerada a possibilidade de escassez.
“A seca pode causar fim da produtividade agrícola e, consequentemente, desemprego no campo e êxodo rural. Essas pessoas não necessariamente estarão habilitadas para atuar nos postos de trabalho urbanos. Isso gera insegurança, instabilidade e ainda mais desemprego”, apontou a consultora da ONU Ângela Ortigara, doutora em Engenharia Ambiental.
A relação entre os recursos hídricos disponíveis e a retirada de água para uso tende ao estresse hídrico, afirma também o documento. As Nações Unidas sugerem que, para embasar suas ações de gestão hídrica, os governos invistam em produzir “dados robustos”, como estimar as situações atual e futura dos recursos, a demanda por água, a quantidade de trabalhadores formais e informais, o tempo de trabalho e o perfil dos empregados.
Outra recomendação da ONU é a capacitação de pessoas. Pesquisa realizada em nove países da Ásia e da África revelou que existe um déficit de mais de 780 mil profissionais qualificados. “Isso traz à tona a questão do empoderamento de mulheres, que geralmente ocupam empregos desvalorizados, mal remunerados e não reconhecidos. Por que não capacitá-las e suprir a demanda de trabalho que precisamos?”, indagou a pesquisadora.
Ela lembra que a média do poder de compra, que “melhora a economia e possibilita o crescimento”, está relacionada às taxas de empregabilidade. Na América Latina, a cada US$ 1 milhão investido em água e saneamento, podem ser gerados até 100 postos de trabalho, conforme o relatório.
A gestão da água também pode ajudar a diminuir as 2,3 mortes anuais relacionadas ao trabalho, diz a ONU. Desse total, 17% está relacionado com doenças transmissíveis ocasionadas pela falta de água e esgotamento sanitário.
A ONU também recomenda investimentos em fontes alternativas de água (a cada US$ 1 milhão, gera-se de 10 a 15 empregos), na gestão de água da chuva (de 5 a 20 empregos) e na recuperação ambiental (de 10 a 72 empregos). “A transição para uma economia mais verde aumenta as oportunidades de trabalhos decentes”, afirmou Ângela.
Durante o seminário na ANA, foi lançado também o relatório do Conselho de Assessoramento ao Secretário-Geral da ONU para Assuntos de Água e Saneamento. O documento aponta que uma em cada 10 pessoas não tem acesso à água potável e que, a cada 3 pessoas, uma não tem instalações sanitárias.
Congresso prepara reação à decisão de Dino que suspendeu pagamento de emendas parlamentares
O presente do Conanda aos abortistas
Governo publica indulto natalino sem perdão aos presos do 8/1 e por abuso de autoridade
Após operação da PF, União Brasil deixa para 2025 decisão sobre liderança do partido na Câmara