Na última semana de agosto e no início da primeira de setembro, junto com um grupo de produtores de soja do Brasil, realizamos o 7.o Tour da AgRural pelo Meio-Oeste norte-americano. Fizemos um trajeto de aproximadamente 3 mil quilômetros durante uma semana pelas principais regiões produtoras do cinturão de produção daquele país para conferir in loco qual o potencial produtivo das lavouras deles, além de visitar produtores, fábricas de etanol, cooperativas e, é claro, a Bolsa de Chicago.
A viagem começou pela cidade de Chicago, no estado de Illinois. De lá atravessamos o norte desta importante região produtora dos EUA indo para a região central de Iowa, mais precisamente a cidade de Des Moines, capital deste estado, que é o maior produtor de soja e milho dos EUA. Nesse trajeto de pouco mais de 500 km, quase não pudemos fazer amostragens das lavouras em virtude da chuva torrencial que nos acompanhou no trajeto.
Na seqüência, no percurso entre Des Moines e a divisa com a cidade de Moline (Illinois), sem chuva e com a companhia de um belo dia de sol e temperatura amena, deu para fazer várias amostragens. Resultado: lavouras com 80 a 100 vagens por planta grande parte delas com três grãos por vagem , em bom estado e com potencial produtivo de 50 a 60 sacas por hectare.
Em nosso terceiro dia de viagem, da cidade de Moline seguimos até Indianápolis (Indiana). Foi o dia em que os produtores brasileiros, resignados, baixaram a cabeça. Só encontramos campos com potencial de produção elevadíssimo. Se em Iowa ainda vimos algumas lavouras de 50 sacas, em Illinois e Indiana a expectativa média em nossas avaliações subiu para 55 a 60 sacas. No quarto dia, na região norte de Indiana, as lavouras apresentavam o mesmo potencial produtivo do dia anterior.
Saímos de todas as plantações, todos os dias, com os calçados cheios de barro e com o sentimento natural de que os EUA colherão, pelo terceiro ano consecutivo, mais uma boa safra. O intervalo que a AgRural trabalha daqui pra frente é de uma safra entre 84 e 86 milhões de toneladas.
Para o produtor de soja brasileiro, que já convive com rentabilidade baixa em virtude de uma moeda muito valorizada, mais uma grande safra nos EUA significa outro ano em que o mercado internacional pouco ajudará. É a Lei de Murphy em ação: se algo está ruim, pode ficar pior.
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