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Trigo de qualidade invertida no PR e RS

Santa Rosa (RS) - O Rio Grande do Sul colhe uma das melhores safras de trigo da história. Não tanto quanto no Paraná, produção e produtividade também caem no estado, mas com um diferencial competitivo de qualidade. De maneira surpreendente, as posições se invertem e os gaúchos colhem um cereal com melhor classificação que o produto paranaense. Normalmente, o referencial de trigo classes pão e melhorador sempre foi do Paraná, enquanto do Rio Grande do Sul vinha o trigo brando, discriminado na panificação e destinado à indústria de massas. No ciclo atual, porém, o melhor trigo sai das lavouras do Extremo Sul.

Um dos referenciais de qualidade está no pH (peso por hectolitro) do grão. No ano passado, a produção do Paraná atingiu média de pH 80. Agora, por conta das chuvas que reduziram o volume e a qualidade da produção, o pH deve ficar abaixo de 78, índice mínimo para enquadramento no tipo 1. Já no Rio Grande do Sul, boa parte do trigo chega aos armazéns com índice acima de 78. A constatação é de uma das equipes da Expedição Safra RPC, que foi conferir as tendências para o ciclo de verão e en­­controu uma realidade distinta do Paraná nas lavouras de trigo.

O produtor Jorge Stefanelo, que plantou 130 hectares em Cruz Alta, Noroeste gaúcho, conta que a geada forte em julho e os 400 milímetros de chuva em apenas uma semana de agosto, no período de floração, derrubam o potencial produtivo da sua lavoura para 2,1 mil quilos/hectare. Por outro lado, destaca, nunca colheu com tanta qualidade. Ao final da colheita, na semana passada, ele calculava um pH acima de 80. Na área de abrangência da Cotrirosa, cooperativa com sede em Santa Rosa e atuação em 12 municípios, não foi diferente. Os associados colhem uma média próxima de 1,8 mil quilos/ha, mas com pH acima de 78.

Jairton Dezordi, responsável pelo departamento técnico da cooperativa, diz que a explicação para a qualidade do produto está na colheita. Ele conta que 80% do trigo dos cooperados foram colhidos em uma janela de duas semanas sem chuva, na segunda quinzena de outubro. "Sempre chove muito em outubro. Desta vez foi em setembro. No período em que o material está em ponto de colheita, choveu 100 mm e não 300 mm, como em outros anos. Isso foi determinante." A área de trigo da Cotrirosa é de 57,4 mil hectares, 2% menor que na safra anterior. O Rio Grande do Sul plantou 882 mil hectares, 10% a menos que na última temporada. A produção deve ser 14% menor, para 1,76 milhão de toneladas, segundo a Conab.

No Paraná, segundo Otmar Hübner, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura (Seab), o desenvolvimento das lavouras foi comprometido justamente por conta do excesso de chuvas na época da colheita, entre setembro e outubro.

Verão

As primeiras projeções da Ex­­pe­dição para a safra de verão do Rio Grande do Sul indicam um au­­mento de até 5% na área de soja e redução de, no mínimo, 10% no milho. Na mesma linha de crescimento e queda, os porcentuais re­­presentam praticamente a metade das variações verificadas nas estimativas para o Paraná.

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