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As incertezas com a safra norte-americana e a robusta demanda chinesa ajudaram, mas o maior fôlego para a arrancada da soja veio do trigo. A cotação do cereal subiu 42% no mês passado, quase US$ 2 por bushel (27,6 quilos), e avançou ao maior patamar dos últimos 13 meses em Chicago. O primeiro contrato fechou julho valendo US$ 5,615 o bushel (US$ 14,59 a saca) na CBOT, US$ 1,3 a mais do que valia há um ano. Foi a maior alta mensal desde 1959, segundo dados da bolsa.

De carona, subiram também a soja e o milho, que acumularam valorização de 11% em julho. O cereal terminou o mês cotado a US$ 3,9275 o bushel (25,4 quilos), ou US$ 9,28 a saca. Desde o início do ano, já ganhou quase US$ 0,50 por bushel, pouco mais de US$ 1 por saca.

A disparada deve-se ao clima seco na antiga União Soviética, região que vem ganhando importância no mercado internacional de grãos. Uma das piores secas das últimas décadas nos Balcãs frustrou a safra de trigo da região e pode comprometer o abastecimento mundial do cereal.

De acordo com o Conselho Internacional de Grãos (IGC, sigla em inglês), safra de trigo da Rússia deve render 50 milhões de toneladas, 7 milhões de toneladas menos que o esperado. No Cazaquistão, onde a produção é estimada em 13,5 milhões de toneladas, 3 milhões devem ser perdidas durante a estiagem. "Um prolongado período de seca e elevadas temperaturas reduziram significativamente as estimativas de produtividade na Rússia, Cazaquistão, partes da Ucrânia e áreas no nordeste da União Europeia, enquanto o tempo úmido e enchentes prejudicaram safras no Canadá e em partes da Europa", diz o comunicado do IGC.

O aperto na safra mundial de trigo carrega para cima os preços da soja e do milho porque pode fazer com que a indústria de ração animal tenha que substituir o cereal por outras fontes de amido, relata o analista da AgraFNP Aedson Pereira. "Se não tiver trigo suficiente, a indústria de ração europeia vai precisar de mais milho e farelo de soja. Foi o que aconteceu em 2007, quando o Brasil exportou quase 11 milhões de toneladas de milho", observa.

Pereira não acredita, entretanto, que esse quadro possa se repetir em 2010. "O único fator de incentivo às exportações de milho brasileiras hoje são os leilões de PEP (Prêmio para Escoamento de Produto) do governo. Fora isso, não existe outro fator de estímulo às vendas externas", pontua.

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