Os produtores de trigo do Paraná, principal produtor do cereal no Brasil, duplicaram a área colhida na última semana, mostraram dados do governo do estado nesta quarta-feira, enquanto o clima chuvoso começa a gerar preocupações quanto à qualidade dos grãos colhidos.

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A colheita alcançou 22% da área plantada esta semana, contra 10% na semana passada, segundo relatório do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab). Um ano atrás a colheita atingia 18% da área plantada.

A condição das lavouras continua majoritariamente boa, segundo o levantamento do órgão: 77% da área está nas melhores condições, ante 21% em condições médias e apenas 2% em condições ruins.

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Qualidade ameaçadaAinda assim, as condições chuvosas dos últimos dias e a previsão de mais precipitações preocupam técnicos que acompanham as lavouras paranaenses.

"O trigo está com aproximadamente metade da área colhida, mas os trabalhos foram interrompidos pelas chuvas, devendo ser retomados assim que as condições climáticas permitirem. Há uma preocupação em relação a perda de qualidade destas áreas que serão colhidas caso se confirme período chuvoso para os próximos dias", relataram técnicos do Deral de Apucarana, no Norte do estado.

Na região de Cascavel, houve registro de chuvas de granizo esta semana, com grau variado de intensidade, segundo o Deral.

"A preocupação recai especialmente com a colheita do trigo, que já estava registrando perdas na qualidade em função das doenças, agora pode se agravar pela umidade. Possíveis perdas serão dimensionadas nos próximos dias", disseram os técnicos Jovelino Pertille e Jovir Esser, em relatório.

Na região de Londrina há preocupações quanto a produtividade dos campos. “Até agora, está dando uma média de 37 a 39 sacas por hectare, mas ainda temos que esperar para fazer a média final”, contou a engenheira agrônoma do Deral na região, Rosângela Zaparoli. A grande responsável por esse resultado ruim foram as prolongadas chuvas do inverno. “A safra estava indo bem, mas em junho e julho choveu muito acima do esperado. Em qualquer fase, chuva demais atrapalha o trigo, reduz a qualidade, estraga os grãos”, explicou.

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O produtor José Roberto Mortari teve muitos problemas ao longo da safra deste ano e, terminada a colheita, teve uma produtividade de apenas 29 sacas por hectare. “Não tive lucro nenhum. Pelo contrário, tive um pouco de prejuízo”, contou. “De junho a agosto choveu mais de 400 milímetros. Só em julho, foram 370 milímetros. Esse excesso de chuva provocou doenças no trigo”, explicou.

Chuva abundanteA consultoria Trigo & Farinhas destacou que o Sul do Paraná também poderá sofrer com chuvas acima da média este ano, provocadas pelo fenômeno climático El Niño.

"As chuvas devem provocar doenças fúngicas, que reduzem a produtividade e a qualidade das lavouras, que não servem para fazer farinha, mas apenas para ração animal", disse o analista Luiz Carlos Pacheco, da Trigo & Farinhas, referindo-se parte Sul e Sudoeste do Paraná.

Quem ainda está o trigo no campo não deve conseguir terminar de colher nos próximos dias. “Temos tido dias de chuva intercalados com dias seco. Não dá para entrar com as máquinas na lavoura. E semana que vem teremos chuva de novo”, afirma a agrometeorologista do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Heverly Moraes.

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