A Argentina, um dos maiores produtores e exportadores globais de trigo, decidiu restringir as vendas externas do produto. A decisão está ligada a redução da oferta do cereal no país, o que elevou significativamente os preços da farinha e dos pães no comércio. A medida tende a comprometer as importações brasileiras do grão. Com uma colheita de 5,6 milhões de toneladas esperada para este ano, o Brasil deve buscar ao menos 7 milhões de toneladas em outros países, conforme projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Entre os potenciais fornecedores estão os Estados Unidos e o Canadá, outros importantes produtores mundiais.
Dados da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) mostram que os embarques da Argentina para o Brasil já caíram nos últimos meses. O último levantamento da entidade, com dados de maio, indica que o país vizinho enviou 315 mil toneladas do produto para os portos brasileiros. No mês anterior, foram 577 mil toneladas. O volume total importado pelo Brasil em maio também foi cerca de 200 mil toneladas menor em relação ao mesmo período de 2012.
Por causa das restrições impostas pelo governo de Cristina Kirchner para exportação, os produtores decidiram reduzir suas apostas no campo. Em vez de trigo, cultivaram cevada. “Poucas pessoas vão plantar o cereal no próximo ano. Áreas sempre serão restritas, enquanto essas políticas não forem mudadas”, disse o presidente da Sociedade Rural argentina, Luis Etchevere.
O governo também decidiu aplicar a Lei de Abastecimento, usando o trigo dos estoques do país. A medida fez aumentar a oferta de grãos, mas não o suficiente para suprir a demanda das padarias argentinas.A Casa Rosada acusou os produtores de estarem estocando cerca de 2 milhões de toneladas de trigo da ultima colheita, em mais um episódio do embate entre governo e o setor agrícola. Sem acesso pleno ao mercado externo, que historicamente absorve cerca de dois terços da produção de trigo do país, o preço do grão caiu no mercado argentino - que demanda de 5 milhões a 6 milhões de toneladas por ano.
Brasil
Após três anos de seguidas reduções na área plantada, o Brasil tenta retomar a colheita do cereal. Para o ciclo 2013/14, que está em fase de plantio nos estados produtores, a expectativa é que 5,6 milhões de toneladas saiam das lavouras, contra 4,3 milhões de toneladas colhidas no ano passado. O Paraná, maior produtor brasileiro, deve colher sozinho 2,6 milhões de toneladas do produto, se o clima permitir.
2,2 milhões de toneladas é quanto o Brasil importou de trigo da Argentina de janeiro a maio deste ano, conforme levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo). País precisa de mais 5 milhões de toneladas, para abastecer mercado interno, que demanda cerca de 11 milhões de toneladas por ano.