Mesmo com preços atrativos, produtores estão cautelosos em relação ao trigo. O clima, os elevados custos de produção, o seguro de custeio, o valor do preço mínimo e a concorrência com o milho safrinha são alguns fatores que fazem os produtores pensarem duas vezes antes de apostar na cultura, cuja à semeadura começou na última semana no Paraná, estado responsável por 60% da produção nacional.
O pão nosso de cada dia: falta de apoio preocupa produtores de trigo
Leia a matéria completaCom mais trigo importado, pães, massas e biscoitos sobem em abril
Quebra na safra nacional do cereal obriga o Brasil a importar maior quantidade do produto, em um cenário de câmbio desfavorável
Leia a matéria completaNúmeros oficiais ainda não foram divulgados, mas estimativas do mercado e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam uma possível redução na área de plantio em relação ao ano passado, quando foram semeados 2,4 milhões de hectares, 1,3 milhão somente no estado.
A consequência direta do cenário será o aumento da importação do produto. O país consome atualmente 11 milhões de toneladas de trigo, mas produz menos da metade. Em 2015, foram 5,5 milhões de toneladas, o restante veio de fora. Com o dólar cotado acima dos R$ 3,70, o custo de importação será alto, impactando diretamente nos preços de pães e massas.
A situação preocupante do trigo fez com que entidades se manifestassem. O presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, diz que o setor está preocupado com a demora do governo em estabelecer a política nacional para o trigo. “É uma pena que uma das culturas mais importantes para a segurança alimentar não seja tratada com a devida importância”, afirma.
Em uma carta enviada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Ocepar pede o reajuste do preço mínimo, de R$ 583 para R$ 665 a tonelada; e a elevação da percentagem da subvenção ao prêmio de seguro rural em 70%. Neste ano, a participação do governo federal foi reduzida para 55% do prêmio, forçando o governo do Paraná e produtores a elevarem a participação de cada um de 15% para 22,5%. Procurado pela reportagem, o Mapa não se manifestou sobre as reivindicações.
De acordo com o gerente técnico e econômico do Sistema Ocepar, Flávio Turra, se o Mapa não se manifestar até o fim do mês, pode ser tarde demais. “Ainda é possível atender as demandas e incentivar a produção nacional da cultura”, afirma.
O diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, Francisco Carlos Simioni, o Paraná tem R$ 4 milhões disponíveis para subvenção estadual. “O dinheiro é tanto para o milho safrinha quanto para o trigo. As vendas estão a campo. Vamos amparar os produtores, vamos garantir a nossa fatia”, explica.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Deixe sua opinião