O Moinho Pacífico, importante processador de trigo com operações em São Paulo, recebeu nesta quinta-feira a comunicação de uma trading fornecedora de trigo na Argentina de que um carregamento previsto para janeiro não poderá ser embarcado, em meio a restrições de exportações impostas pelo governo local.

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"Nós recebemos comunicação oficial da trading de que está impossibilitada de performar o contrato de janeiro", disse à Reuters o presidente do moinho, Lawrence Pih. "Tecnicamente e oficialmente isso é default."

Fontes do mercado argentino dizem que o governo ainda não deu autorização para o embarque de trigo da safra 2013/14.

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O Ministério da Agricultura da Argentina estimou a colheita de trigo em 8,5 milhões de toneladas nesta temporada. O mercado doméstico demandaria 6,6 milhões.

O saldo exportável precisa ser previamente autorizado pelo governo. Ainda não há clareza se essas 2 milhões de toneladas excedentes poderão ser vendidas ao exterior.

"Está tudo no ar", disse Pih, sobre as compras realizadas na Argentina. Os entraves na Argentina devem elevar a procura das empresas brasileiras por trigo dos Estados Unidos.

"O problema é que a gente está correndo para comprar o trigo americano, mas como o line-up (fila de navios) no Golfo (litoral dos EUA) está muito grande, está atrasando", afirmou o empresário.

Na quarta-feira, operadores europeus disseram que moinhos brasileiros compraram 50 mil toneladas de trigo dos Estados Unidos para embarque em janeiro, em função dos temores quanto à oferta da Argentina.

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A Argentina é tradicionalmente o principal fornecedor de trigo para o Brasil, que produz em volume insuficiente para o consumo doméstico.

O Brasil deverá consumir 11 milhões de toneladas nesta temporada, sendo que 6,7 milhões precisarão ser importadas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).