Há um ano, quando estava prestes a iniciar a colheita da safra de trigo, o agricultor Vinicius Lazarini celebrava o cenário de clima favorável e bons preços para o cereal cultivado na região de Cascavel (Oeste). Agora ele lastima os prejuízos na área de 260 hectares, dizimada após sofrer com o excesso de chuvas em junho e a ocorrência de geadas em julho.
“A colheita vai ser um fracasso”, resume, estimando perdas de 90% e um prejuízo de R$ 300 por hectare, mesmo com a proteção do seguro rural. Em seu caso, o que prevaleceu foi a máxima de quanto maior o salto maior o tombo. A empolgação acabou se voltando contra a sustentabilidade econômica do negócio.
Modesto Daga, produtor e consultor de trigo, explica que na região Oeste a maior parte do plantio foi feita no final de abril, o que colaborou para que as lavouras fossem atingidas em cheio pelas geadas. “Raras exceções, de cultivos plantados precocemente, estão produzindo sem problemas”, diz. Ele argumenta que mais de 80% dos gastos são feitos nos primeiros 60 dias de cultivo, o que aumenta o prejuízo dos agricultores.
As perdas ocorrem num momento em que o trigo vale R$ 1 mil por tonelada no estado. No entanto, Elcio Bento, analista da Safras e Mercado, explica que os negócios internos nesse patamar de preço são pontuais.
“As cotações estão acima da realidade no Paraná. Quando o abastecimento voltar ao normal, os valores devem ficar entre R$ 700 e R$ 800 a tonelada”, diz.
Essa pode ser a receita, por exemplo, dos produtores dos Campos Gerais que venderem a produção na colheita. A região é uma das que mais produzem o cereal no Paraná mas, por questões climáticas, colhe mais tarde. As vendas estão travadas porque muitos produtores simplesmente não sabem quanto vão colher. A estimativa da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) é de que apenas 6% da produção do Paraná foram vendidos até a última semana.