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A redução de 27% na área do trigo no Paraná e a quebra de 15% na safra esperada no Rio Grande do Sul – por uma sequência de seca, granizo, geada e enxurrada – não geram desabastecimento, mas o país já está pagando mais caro pelos derivados do cereal. E terá de consumir panetones, pães e massas fabricados a partir de grãos argentinos na virada deste ano. Os estoques dos moinhos foram reforçados com importações recordes, o que garantiu a oferta de farinha mas não evitou alta de até 25% nesses alimentos em relação a 2011.

A safra nacional caiu 10% em relação ao volume esperado e 22,9% na comparação com a colheita de um ano atrás, limitando-se a 4,46 milhões de toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse volume não cobre metade do consumo do país, que deve se manter em 10,4 milhões de toneladas, estima o governo federal.

O quadro se agrava porque foi registrada exportação de 1 milhão de toneladas de trigo da Região Sul (responsável por 95% da produção), num ano em que o mercado internacional demonstrou maior interesse pelo cereal brasileiro. Agora, o país está tendo de buscar complemento lá fora e o volume importado deve ser recorde: 7 milhões de toneladas. Metade da safra brasileira ainda não foi vendida, mas, principalmente no Rio Grande do Sul, boa parte da produção não alcança a qualidade exigida pela indústria.

Mesmo o Paraná, que colheu trigo de melhor qualidade e produz 2 milhões de toneladas, importou volume recorde de 526 mil toneladas de janeiro a setembro, aponta Hugo Godinho, técnico da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). "É um volume expressivo. A redução de área no Paraná e no Brasil certamente colaborou para esse aumento."

O presidente do Sindicato da Indústria do Trigo do Paraná (Sinditrigo), Marcelo Vosnika, relata que a queda de volume e qualidade na safra do Rio Grande do Sul ainda não atingiu o setor. "O fato ainda é recente, não foi discutido", pontua.

"O Brasil sempre importou cerca de 50% do seu consumo. Com a redução na área plantada e a quebra em algumas regiões, esse volume deverá aumentar", afirma Vilson Felipe Borgmann, presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Paraná (Sipcep). Por enquanto, ele descarta desabastecimento. Mas o fato de a Argentina – principal fornecedor brasileiro – enfrentar quebra até maior tende a alavancar os preços, prevê.

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