Foi-se o tempo em que turismo rural era somente pescaria, passeios a cavalo e a fartura dos restaurantes coloniais. O ramo de atividade ganha cada vez mais setores especializados e um deles interessa principalmente ao agronegócio de alto rendimento. O turismo internacional agropecuário tem conquistado adeptos ano após ano e se consolida como um negócio capaz de faturar milhões, mas não só para as agências: os “turistas” também lucram.
Júlio Bravo, proprietário da empresa de turismo agrícola Agrobravo, sediada em Curitiba, já levou mais de mil pessoas para os cinco continentes do planeta. Ele está no mercado desde 2008 e montou sua própria empresa há três anos. O faturamento começou com R$ 5 milhões e em dois anos cresceu 40%, alcançando R$ 7 milhões. “Ofereço viagens corporativas, voltadas para o mundo do agronegócio. Onde existe agricultura, já colocamos os pés. Temos na nossa lista 25 países agrícolas, nos cinco continentes”, conta.
O perfil de quem viaja, segundo Bravo, vai de médios a grandes produtores. Quem costuma organizar as viagens, no caso da empresa dele, são concessionárias de marcas de maquinários agrícolas. Cada cliente paga as suas despesas, a marca apenas organiza e convida os “turistas”. “O concessionário dessas empresas é quem nos contrata. Nós montamos o roteiro para eles, incluindo visitas às fábricas deles, a fazendas, centros de pesquisa e etc.”, explica. O gasto médio de uma viagem dessas para os Estados Unidos, por exemplo, fica entre US$ 3,5 a US$ 5 mil dólares (incluso almoço, janta e café, refeições e guias técnicos).
O engenheiro agrônomo e produtor rural Miguel Nedel, da cidade de Giruá, no Rio Grande do Sul, já conheceu a região produtora de grãos dos Estados Unidos e parte do mercado agrícola na China. E ele não pretende parar por aí. A cada ano que faz suas viagens, conta que acumula mais contatos e isso facilita o fechamento de negócios, que vão desde a compra de maquinários até a venda de seus produtos. “Ficamos vários dias juntos, então se cria uma amizade, e consequentemente negócios entre os participantes do tour”, diz.
Especialização é a chave do sucesso
Como a atividade é relativamente nova, ainda não há números específicos, mas a segmentação desse nicho é uma tendência. O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem, Pedro Kemp, enfatiza que a especialização dos agentes e estabelecimentos é um fator-chave para o sucesso de qualquer que seja o segmento turístico.
“Toda hora que eu me especializo em algo, vou ter mais conhecimento daquilo e do meu cliente. Se eu quero saber como funciona essa técnica de gotejamento em Israel, por exemplo. Quando você é um especialista no negócio, você tem muito mais conhecimento de como funciona”, explica. “É como você ir ao médico, um especialista na área vai ter muito mais conhecimento, vai saber exatamente o que fazer”, completa.
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