Com um ano de funcionamento, o Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) passa por novos ajustes. As alterações foram anunciadas em Brasília e vêm sendo discutidas entre gestores, certificadores e criadores. As mudanças atendem a exigências da missão técnica da União Européia (UE) que esteve no Brasil durante duas semanas.
Os europeus querem que os dados da Guia de Trânsito Animal (GTA), emitida pela Defesa Sanitária, sejam cruzados com os do Documento de Identificação Animal (DIA), obtido através das certificadoras. Ou seja, exigem não só a identidade de cada boi, mas as informações sanitárias dele.
O cruzamento desses dados já é feito no Paraná, afirma o chefe da Seção de Rastreabilidade da Secretaria Estadual da Agricul-tura (Seab), Antônio Minoro. Ele conta que o sistema está equipado para registrar em tempo real o fluxo de bovinos e bubalinos em cada propriedade, a entrada nos abatedouros e a chegada dos animais no estado.
Com a GTA eletrônica, a Seab tem um mapa completo da vacinação contra a aftosa. Através do DIA, sabe-se quais e onde estão os não-imunizados, informa a secretaria, que atua como certificadora de propriedades para o Sisbov.
O cruzamento deve ser seguido em todos os estados auditados pela missão européia: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. A medida foi anunciada na última semana pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Segundo o Ministério da Agricultura, a integração entre os sistemas dos estados GTA e o Sisbov deve ocorrer em 90 dias. "Cruzar os dados é possível, mas será necessário investimento nos órgãos de defesa sanitária e em pessoal", avalia Minoro.
No Paraná, apesar de estruturado, o Sisbov teve abrangência reduzida. No sistema antigo, havia 8.376 criadores cadastrados. Hoje são apenas 185, enquanto Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, por exemplo, contam com número nove vezes maior, de acordo com o Mapa. Os criadores paranaenses aprovados detêm só 3% do rebanho de 10 milhões de bovinos e bubalinos do estado , informa a Seab.
Esse quadro é atribuído ao fato de a produção paranaense ser destinada ao mercado interno desde a ocorrência de aftosa na região, em outubro de 2005. Na época, 56 países impuseram embargos. Se as exportações forem retomadas, os cadastros deverão se multiplicar, afirma o chefe da Seção de Rastreabilidade.
O Paraná não está livre de ter de adotar um novo tipo de guia de trânsito animal, que reúna as informações da GTA e do DIA. Ainda não foi esclarecido se o cruzamento de dados implicará na anexação da DIA ou na emissão de novo documento.
A missão européia veio ao Brasil pressionada de um lado pelos criadores irlandeses e ingleses, que tentam barrar a carne brasileira, e de outro pela dependência da União Européia, que tem no Brasil sua principal fonte externa de carne bovina. A imposição de mais restrições à carne brasileira prevaleceu. Os nove especialistas cancelaram sua passagem pelo Paraná, mas a visita resultou na determinação de que todos os frigoríficos do estado precisam se reabilitar junto ao Mapa antes de voltar a exportar para a Europa.