O adicional de 30 centavos que os produtores conseguem por quilo no preço das maçãs Eva e Julieta – vendidas atualmente nas lavouras a R$ 1/kg – deve-se ao fato de a fruta chegar primeiro ao mercado que as demais variedades. Cansado de maçãs Gala e Fuji refrigeradas, o consumidor mostra-se disposto a pagar mais pelas frutas frescas. Porém, esse diferencial não vai durar para sempre, afirma o agrônomo Paulo Andrade, especialista em fruticultura do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab). Ele considera que, no momento em que a produção dessas variedades se equiparar à demanda, o mercado oferecerá remuneração menor.

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Restarão ao produtor estratégias de comercialização para elevar a renda. Hoje, pequenos e médios vendem para grandes fruticultores, que contam com estrutura de armazenagem e refrigeração e poder de barganha para negociar nos centros distribuidores. O que ganham na intermediação é dividido com seus fornecedores, mas nem sempre em partes iguais. A saída, avalia Andrade, será o trabalho coletivo. Ele acredita que pequenos e médios só vão ganhar poder de negociação quando se reunirem em grupos para comprar refrigeradores e negociar contratos maiores. E terão de ser ágeis. Eva e Julieta são mais frágeis que Gala e Fuji, que ficam até 6 meses em geladeiras. Ou seja, precisam ser vendidas rapidamente.

A expansão dos pomares das maçãs que suportam melhor o calor (antes da colheita) ocorre lentamente. Ainda não existe uma avaliação sobre a participação de Eva e Julieta no total de 2 mil hectares cultivados com a fruta no Paraná. A estimativa de Andrade é que essas variedades ocupem menos de 10% dessa área. Porém, municípios que não tinham tradição na maçã agora se dedicam à cultura, caso de São Sebastião da Amoreira, em pleno Norte Pioneiro do Paraná. Há pomares inclusive na Bahia (50 hectares). Esta é a segunda safra da Eva baiana, plantada em 2005.

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