Danos nas folhas reduzem o rendimento das plantas com perdas de até 30%| Foto: Roberto Custa³dio/jornal De Londrina

O vazio sanitário da soja, adotado há cinco anos como estratégia de combate à ferrugem asiática, promete reduzir a pressão das lagartas, que se tornaram a principal preocupação nas lavouras da oleaginosa em 2012/13. Ainda não existe nenhum defensivo aprovado para uso em larga escala contra o inseto invasor, que se proliferou na Bahia, Mato Grosso, Paraná e outros oito estados.

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A partir do próximo dia 15 de junho, o cultivo da soja está proibido no Paraná. Com a suspensão, que vigora até 15 de setembro, o setor tenta quebrar o ciclo do fungo causador da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi). As plantas que nascem de sementes perdidas devem ser eliminadas.

Maria Celeste Marcondes, da gerência de Sanidade Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), diz que a principal vantagem da prática é retardar o aparecimento do fungo, aumentando a proteção das lavouras. “O vazio minimiza os custos e o produtor pode lucrar mais, pois não terá que gastar com aplicações extras”, pontua. Ela salienta que os produtores que desrespeitarem as normas serão atuados e, caso haja agravantes, terão de pagar multas. No ano passado foram registradas 130 autuações, com multas entre R$ 50 e R$ 5 mil. Agora as multas vão de R$ 220 a R$ 11,95 mil.

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A ferrugem surgiu no Brasil em 2001/02 e se tornou a principal preocupação no cultivo de soja nos anos seguintes, posto agora assumido pelas lagartas. O combate ao fungo exigiu revisão na aplicação de defensivos e criação de um sistema de alerta contra a doença. Os efeitos foram controlados, apesar de as aplicações de fungicidas terem se tornado indispensáveis.

A lagarta Helicoverpa armigera gerou perdas severas na produção do Oeste baiano e adoção do vazio está entre as medidas recomendadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para combater o inseto. Outras ações também são indicadas, mas a escolha é facultativa a cada estado.

Ainda não há um sistema de controle nacional contra o inseto 

O sistema de combate às lagartas ainda vem sendo estruturado. Apesar dos registros nos Campos Gerais e no Oeste do estado, pesquisadores da Embrapa Soja avaliam que o caso ainda não é tão grave quanto o da ferrugem no Paraná. Eles aconselham o monitoramento constante.

Paulo Degrande, professor de Entomologia da Universidade Federal da Grande Dourados, de Mato Grosso do Sul, avalia que essa é a nova praga da soja no Brasil. Existem “poucos inimigos naturais efetivos para seu controle”, acrescenta. A oferta de alimento, o clima favorável e a grande capacidade reprodutiva favorecem o inseto.

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Para a pesquisadora da Universidade Federal de Goiás Cecília Czepak, a lagarta não pode ser subestimada. “É preciso uma ação conjunta, parecida ou maior do que a feita com a ferrugem.” Ela cita que há registro de ataques em cultivos como soja, milho, milheto, citros, tomate, feijão, cebola e alface.