Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Arquivo

Viagem ao mundo do chimarrão

Porto Alegre – Um trauma de infância quase afastou, para sempre, um gaúcho da maior tradição de seu estado: o chimarrão. Aos 3 anos, Ademar Fritz sofreu queimaduras graves ao derramar sobre si uma chaleira de água deixada sobre o fogão a lenha da casa da família, no município de Marques de Souza. Isso fez com que, até servir o Exército, aos 18 anos, ele fugisse da cuia.

O destino levou seus superiores a pedir para Fritz fazer um chimarrão. Mesmo sem experiência, o resultado foi tão bom que ele virou o preparador oficial da bebida no quartel. Desde 88, esse descendente de alemães, hoje com 55 anos, ganha a vida fazendo e servindo a infusão de erva-mate com água quente criada pelos índios guaranis.

Patrocinado por empresas ou eventos, Fritz viaja o Brasil inteiro, e até a países vizinhos, para apresentar a arte do chimarrão. Já estacionou várias vezes no Paraná, onde demonstrou as 48 formas diferentes que desenvolveu de preparar a bebida. As variações incluem cuias em formatos inusitados – inclusive eróticos – e formas criativas de apresentação.

Uma das mais curiosas criações de Fritz é a convivência – na mesma cuia e sem se misturarem–, de chimarrão (quente) e caipirinha gelada. É o seu trabalho mais demorado, com duração de seis horas. "É preciso um meticuloso trabalho para eliminar as fibras", resume Fritz, sem detalhar o segredo. A montagem do conjunto completo de cuias leva 12 horas.

O "mestre do chimarrão" (codinome que adota em suas apresentações) reserva um elogio às ervas produzidas na região Centro-Sul do Paraná, as melhores do país, segundo ele. Sempre trajado com a vestimenta gaúcha – bombacha e lenço vermelho no pescoço –, Fritz transforma suas apresentações em shows. Como nas mais autênticas rodas de chimarrão, o visitante sorve a bebida entre piadas e causos.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros