Na mesma semana em que o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o agronegócio não gosta dele porque “vai acabar com a invasão da Amazônia”, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, em discurso nas Nações Unidas, enalteceu Alysson Paolinelli, um dos maiores nomes da agricultura brasileira, indicado pelo segundo ano consecutivo ao Prêmio Nobel da Paz.
“Há quatro décadas, o Brasil importava alimentos. Hoje, somos um dos maiores exportadores mundiais. Isso só foi possível graças a pesados investimentos em ciência e inovação, com vistas à produtividade e à sustentabilidade. Faço aqui um tributo à pessoa de Alysson Paolinelli, candidato brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz, por seu papel na expansão da fronteira agrícola brasileira com o uso de novas tecnologias”, disse Bolsonaro. Paolinelli é reconhecido não somente no agro, mas também no meio científico e acadêmico, como o homem que comandou a chamada “revolução agrícola tropical sustentável” a partir dos anos 1970, um dos fatores econômico-sociais mais impactantes da história recente do país. Sua indicação ao Prêmio Nobel recebeu 183 cartas de apoio, de 78 países. Em entrevista recente à Gazeta do Povo, Paolinelli afirmou que o Brasil matará a fome do mundo, contanto que "burrice e ideologia não atrapalhem".
Agronegócio vem sendo alvo do candidato do PT
Ao elogiar Paolinelli na ONU, Bolsonaro aproveitou também para enaltecer um setor que nas últimas semanas vem sendo alvo recorrente de críticas de Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro, o candidato petista disse em entrevista ao Jornal Nacional que parte do agronegócio é fascista e direitista; dias depois, discursando para militantes, propôs impor limites à exportação de carne, setor em que o Brasil é líder mundial. Por último, tentou associar os agricultores ao desmatamento da Amazônia, quando, na realidade, trata-se de questão de polícia envolvendo criminosos e grileiros, enquanto os produtores são os que mais preservam áreas verdes no país, por força do Código Florestal, dentro de suas propriedades.
“Este ano, o País já começou a colheita da maior safra de grãos da nossa história. Estima-se pelo menos 270 milhões de toneladas. O Brasil também, em poucos anos, passará de importador a exportador de trigo. Para o período 2022/2023, a previsão é que a produção total ultrapasse os 300 milhões de toneladas. Como afirmou a Diretora-Geral da Organização Mundial do Comércio, em recente visita que nos fez, se não fosse o agronegócio brasileiro, o planeta passaria fome, pois alimentamos mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo”, afirmou Bolsonaro na ONU.
Bolsonaro soube capitalizar em cima de falas do adversário
Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), José Eduardo Sismeiro, Bolsonaro soube aproveitar a bola levantada pelo adversário petista. "O agronegócio tem ouvido discurso de ódio do PT, e não do Bolsonaro. O presidente se aproximou ainda mais dos produtores rurais. Enquanto o PT ataca o setor produtivo, o Bolsonaro está enaltecendo e ajudando. Tem sido uma grande jogada dele", diz Sismeiro.
Na campanha petista, existe uma espécie de força-tarefa encarregada de aproximar Lula do agronegócio, encabeçada pelo ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Por enquanto, o candidato do PT tem, na prática, esnobado o setor, dizendo, no máximo, que "não tem um problema com o agronegócio" e que "eles são úteis para o Brasil" por produzirem alimento em larga escala. O concorrente, do PL, por sua vez, não hesitou em dizer com todas as letras, na ONU, que "o nosso agronegócio é orgulho nacional”.
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