A junção de Bayer e Monsanto vai criar uma empresa com potencial para faturar R$ 15 bilhões por ano no Brasil. Cerca de 80% da receita virá do setor agrícola, disse Liam Condon, presidente da divisão CropScience da multinacional alemã.
Em 2017, a Bayer faturou R$ 6,4 bilhões no país - R$ 4,2 bilhões com a CropScience.
A Bayer finalizou a compra da Monsanto por US$ 63 bilhões há pouco menos de um mês, mas só poderá integrar a empresa quando concluir a venda de parte de seus ativos para a concorrente Basf.
O desinvestimento em áreas como sementes, defensivos e tecnologia digital foi uma exigência de órgãos reguladores nos Estados Unidos e na Europa para que a operação fosse aprovada.
A expectativa é que isso ocorra em agosto e, a partir de setembro, as divulgações de resultados da companhia já incluam a Monsanto.
Após a fusão, o Brasil passará a ser o segundo maior mercado agrícola para a Bayer, atrás apenas dos Estados Unidos. A gigante alemã também atua no país com a venda de remédios e produtos de farmácia que não exigem receita, como Aspirina e Bepantol.
Ainda em junho, a Bayer anunciou que a marca Monsanto, associada a alimentos transgênicos e com uma recepção ruim junto à opinião pública, deve desaparecer quando a compra for concluída. Nesta terça-feira (3), Condon explicou a decisão.
“Fizemos pesquisas, e a marca Bayer tem presença positiva em todos os mercados em que atua. Não podemos dizer o mesmo sobre a Monsanto.”
Ele lembrou ainda que a própria Monsanto considerou mudar o nome no passado. Os nomes dos produtos da Monsanto, como a semente Intacta e o herbicida Roundup, devem permanecer.
Sobre o projeto de lei em discussão no Congresso para mudar as regras de aprovação de agrotóxicos, Gerhard Bohne, diretor de operações no país, afirmou que a Bayer defende a avaliação rigorosa de todos os órgãos responsáveis, mas deseja prazos mais curtos para a aprovação de novos produtos.
Pelo texto, agrotóxicos que não forem avaliados em dois anos poderão ganhar um registro temporário até que a análise seja concluída.
Além disso, segundo críticos do projeto, Ibama e Anvisa perderiam o poder de vetar novos produtos, já que o processo será conduzido pelo Ministério da Agricultura.