A exportação de carne suína do Brasil tem crescido substancialmente e neste ano de 2020 deve bater novo recorde histórico. Apenas nesses nove primeiros meses o setor já gerou à balança comercial brasileira US$ 1,664 bilhão. O número já é superior 66% a 2019 (US$ 936,2 milhões, tendo exportado 750 mil toneladas). Os dados são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que projeta uma exportação de mais de 1 milhão de toneladas até o fim deste ano. Até agora, foram 754,3 mil toneladas.
De acordo com Luiz Rua, gerente de mercado da ABPA, ao contrário do que ocorreu em 2017, quando a Rússia, principal importadora do produto, mudou sua política externa e interrompeu temporariamente a compra desse tipo de proteína animal do Brasil, em 2019 e este ano a situação se inverteu graças ao mercado asiático. “Com o apetite do mercado da Ásia, a suinocultura voltou aos trilhos. Os rebanhos suínos desses países veem sofrendo com a peste suína africana e a produção chinesa, por exemplo, deve cair de 54 milhões de toneladas da proteína em 2018 para 36 milhões em 2020”, afirmou Luiz Rua.
Mas não foi apenas o mercado chinês que ganhou espaço nas exportações. Outros países asiáticos como Coreia do Sul, Cingapura e Vietnã também ampliaram a procura ao produto brasileiro. Mais uma novidade foi em relação a Myanmar, que abriu suas portas para a nossa carne suína. Com uma população de 57 milhões de pessoas, Myanmar tem uma média anual de consumo de 17 quilos per capita dessa proteína animal.
Diversificação
Anteriormente, quando a carne suína era embarcada para a Rússia, a exportação continha muita carcaça ou meia carcaça. Atualmente, há uma melhoria nesse perfil, exportando mais variados cortes. “O Japão, por exemplo, aumentou em 180% as exportações e temos esse mercado aberto desde 2015. Mas o Brasil ainda não conseguiu ampliar os embarques”, disse o gerente da Associação.
Esse é um ponto que, de acordo com Luiz Rua, precisa de atenção, pois o crescimento está ocorrendo e acompanhado também por uma maior diversificação na produção do suíno no Brasil. Historicamente, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná respondem por cerca de 90% das exportações nacionais dessa proteína animal.
A região Centro-Oeste, no entanto, tem aumentado sua oferta todos os anos. A suinocultura no Mato Grosso, por exemplo, aproximou a criação de porcos da produção graneleira e saltou de 0,91% de participação nos embarques nacionais em 2014 para 4% no primeir/o semestre de 2020, exportando 18 milhões de toneladas no período.
“Estamos agora tentando fechar os acordos para acessar o mercado do Canadá, Peru e Colômbia”, contou Luiz Rua, explicando que tratados com a União Europeia são mais difíceis, devido a uma politica protecionista da região. “Mas há um desejo enorme do setor”, disse. Ele lembrou ainda que, dentro do acordo com o Mercosul, o Brasil obteve um incremento da cota de 25 mil de toneladas.
Logística: conexão multimodal favorece escoamento
Como o grande fluxo dos estados produtores da carne suína até os portos brasileiros se dá por rodovias, o governo federal já tem um planejamento em curso para os próximos anos que prevê novas licitações para a manutenção das estradas em condições melhores e mais adequadas para os transportadores. Muitos contratos vigentes de concessão da União com alguns estados estão próximo do fim.
“Nas novas licitações, o governo federal vai exigir a duplicação das rodovias. Eu acredito que, nos próximos dez anos, o país vai ter uma melhoria substancial na qualidade das rodovias para escoar a produção até os portos”, afirmou Edeon Vaz, diretor-executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso e presidente da Câmara de Logística do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). “Basicamente, quase 100% do que é exportado segue por rodovias. A exceção é o que é transportado de Mato Grosso para Santos, que vai por uma ferrovia. Mas como se trata de um produto com um valor agregado maior, o modal rodoviário é mais adequado nesse serviço porta-a-porta”, disse Edeon Vaz.
Um exemplo está nos três estados da Região Sul, onde as principais matrizes produtoras não ficam na região Leste, próximas aos portos, mas nas regiões Central (Rio Grande do Sul) e Oeste (Paraná e Santa Catarina). Os principais portos para o escoamento dessas cargas são Paranaguá (PR), Itajaí (SC) e Rio Grande (RS), com destaque para o ancoradouro paranaense.
“Essas cargas que veem do Oeste chegam de forma majoritária pelas rodovias. Não há uma condição ferroviária adequada. Mas independentemente da situação, esses caminhões, sejam de granel ou refrigerados, têm uma janela para chegar a Paranaguá para serem descarregados de forma ordenada, evitando assim conflitos, filas e desorganização”, garantiu o diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Luiz Fernando Garcia.
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