Engenheiro-agrônomo Alysson Paolinelli concorre pela segunda vez ao Prêmio Nobel da Paz| Foto: Divulgação / Redepaolinelli
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Em outubro, será conhecido o ganhador do Prêmio Nobel da Paz 2022. E pelo segundo ano consecutivo concorre o brasileiro Alysson Paolinelli, 86 anos, que recebeu 183 cartas de apoio, de 78 países, de gente ligada à ciência, pesquisa, desenvolvimento, educação e cooperação internacional.

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“Acho muito difícil imaginar, numa guerra dessa que nós estamos, que o Brasil seja generosamente aquinhoado por um prêmio Nobel”, diz um realista Paolinelli. Ele, no entanto, não esconde a satisfação por ser reconhecido como o líder da chamada "revolução agrícola tropical sustentável" que deu autossuficiência de alimentos ao Brasil e, mais do que isso, transformou o país em potência estratégica para a segurança alimentar mundial.

Como ministro da agricultura de Ernesto Geisel, em meados dos anos 1970, Paolinelli montou uma grande força-tarefa para tirar o Brasil da condição de importador de alimentos básicos. Foi o mineiro do pequeno município de Bambuí que estruturou a maior empresa de tecnologia agropecuária do hemisfério Sul, a Embrapa, criando 26 das 42 unidades descentralizadas. Foi ele também o mentor do Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Polocentro), que enviou mais de 1.500 técnicos brasileiros ao exterior com bolsas de estudo; ao retornarem, os jovens cientistas ajudaram os produtores a transformar o Centro-Oeste no grande cinturão verde da América do Sul.

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Números de uma revolução agrícola no Brasil Central

Os números traduzem a conquista. Atualmente, os 1.102 municípios do bioma Cerrado produzem 46% da soja do país, 49% do milho, 93% do algodão e 25% do café. Na pecuária, é responsável por 32% do rebanho de bovinos, 22% dos frangos e 22% dos suínos, segundo dados do IBGE. Com a revolução agrícola de Paolinelli, a produção brasileira de grãos saltou de 39,4 milhões de toneladas para 252 milhões de toneladas, entre 1975 e 2020.

Nesta entrevista à Gazeta do Povo, Alysson Paolinelli – a quem o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues já definiu como “o maior brasileiro vivo” – defende a agricultura no Cerrado e lembra que o bioma ainda detém 54% de sua vegetação nativa preservada. “Eu não acho que deva usar todo ele (o Cerrado), mas só o que nós já antropizamos dá para abastecer o mundo hoje, com as tecnologias já disponíveis”.

Paolinelli defende a volta da extensão rural para levar tecnologia e renda para milhões de produtores, que ainda praticam uma agricultura extrativista e amadora. E alerta para os modelos esquerdistas de Venezuela, Argentina e Peru. “Não é por falta de recurso que o povo vai passar fome. É por burrice mesmo. A ideologia leva a isso”. Confira.

Chance de aproveitar a potência biotecnológica do clima tropical

O senhor é reconhecido por seus pares no setor agropecuário, mas também por cientistas de todo mundo, como um dos principais responsáveis pela revolução da agricultura tropical que tirou o Brasil da condição de importador para exportador de alimentos. Hoje está pregando uma nova revolução no setor. Que revolução é essa?

Quem tirou o país da condição de importador de alimentos foi o produtor, nós fizemos tudo para ele, e ele acreditou. O que eu prego não é uma nova revolução, eu estou querendo que o Brasil dê o terceiro salto. O primeiro foi o Borlaug que deu (Norman Borlaug, Nobel da Paz de 1970 e “pai” da Revolução Verde que evitou a  morte de milhões de fome pelo melhoramento genético de sementes), o segundo foi o Brasil, na agricultura tropical, e agora quero que o Brasil continue com a agricultura tropical, mas já incluindo a parte da biotecnologia, que acho que é onde nós vamos ganhar muito. Porque o clima tropical tem muito mais potência biotecnológica do que todas as outras regiões do mundo. E nós precisamos aproveitar isso. O que eu defendo é usar o máximo da tecnologia que já possuímos e esmerar agora no campo da biotecnologia. Temos que dar o terceiro salto. É produtividade, gestão, conservação de recursos naturais, e distribuir socialmente isso.

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Segundo a Embrapa, 87% do valor da produção do agro brasileiro vêm de 500 mil propriedades. Há um universo de 4 milhões de propriedades com renda bruta de menos de meio salário mínimo. Como atacar essa pobreza rural que persiste?

Esse é um drama que nós temos aqui. Você tocou o dedo na ferida. Eu alego que quem causou tudo isso foi a burrice dos governos de fechar o sistema de extensão e assistência técnica. Não podia nunca ter fechado. Eles ficaram com uma arma como a Embrapa, as universidades, etc, mas agora estão até judiando delas, visto que estão sem recurso e precisavam ter mais apoio. E não é de agora, já tem mais de 30 anos que eles vêm dilapidando isso. A minha grande preocupação é que nós hoje estamos perdendo muito do que já fizemos. Os próprios companheiros da Embrapa e das universidades falam que ainda não utilizamos 50% da tecnologia que foi desenvolvida nesses últimos 50 anos. Então, precisamos utilizar ao máximo.

Agricultura extrativista x agricultura tecnológica

Quando acabaram com a Embrater (  Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Rural, extinta no governo Collor) , acabaram com todos os programas que havia para mudar a feição do produtor. No mundo inteiro existe a dicotomia: uma agricultura tecnificada, desenvolvida, bem gerida, com boa governança, que tem produtividade, conquista mercado e ganha dinheiro. E tem a outra que não usa tecnologia, porque não sabe usar. Eles não repõem o que retiram do solo. São extrativistas. E olha, não é só pequeno produtor. Se você pegar esses 4 milhões de propriedades, quase 4,5 milhões, existe pequena, média e grande propriedade fazendo extrativismo. Eles extraem o que o solo tem e depois mudam de posição. É muito comum isso, em vários lugares do país. Tá errado, nós temos que usar o solo com uma vivência permanente, tratando dele, repondo o que dele se retira, trazendo tecnologias novas, assistência técnica e creditícia, para poder fazer, e não ficar só na conversa.

Esse para mim é o grande drama. E olha, nós já estamos há 32 anos sem a nossa Embrater. Muita gente nem sabe que existia. Para ter um resultado bom, você tem que ter pesquisa inovadora, que gere riqueza onde não tem. Segundo: você precisa transferir isso, não pode ficar só na pesquisa. Tem que transferir a quem faz, que é o produtor. Então, na assistência, primeiro você precisa de um grupo que te ajude a selecionar quais são as inovações que podem dar resultado numa determinada região. Trazer as inovações e, com o produtor, discutir como é que vai fazer uso dessas inovações. Depois tem o crédito para financiar. Sem crédito, ele acaba não fazendo porque não tem dinheiro, não compra semente, nem adubo, neutralizantes, defensivos, etc. Você tira dele o poder de mudar. Você tem que dar a ele esse poder de mudar. Agora, se ele topou mudar, você precisa influenciar a família dele. Dar um mínimo de capacidade de gestão.

Sabe como eu consigo verificar isso? No pote de água que se coloca na casa do produtor, quando antes ele bebia água a correr do rego. Só esse pote já é uma melhora. Depois você vê a eletricidade, a luz, o telefone, a televisão, a comunicação, tudo isso. E daí vêm as melhorias que ele precisa ter. A máquina, o modo de implantar essa inovação, o que for preciso.

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Durante o auge da safra, colheita de soja avança inclusive no período noturno| Foto: Michel Willian / Arquivo Gazeta do Povo

Mudança de hábitos alimentares vai gerar empregos

O mundo vive um momento em que milhões de pessoas entraram na zona de insegurança alimentar, devido à pandemia seguida pela guerra na Ucrânia. Isso tem impacto apenas passageiro ou pode fomentar uma aceleração nas mudanças da geopolítica de produção de alimentos?

Primeira coisa. Causou uma mudança de hábito alimentar bom, que para nós é bom. Sabe por quê? Por que os que passaram pela pandemia e têm dinheiro, eles estão mudando o hábito alimentar. Estão querendo produtos que sejam mais naturais, mais nutritivos, menos ofensivos ao corpo humano, à sua fisiologia. Então, tudo isso vai ser muito bom para o Brasil. Por que esse alimento que eles estão querendo, você não faz com máquina. Hoje você tem uma máquina que colhe o algodão por mil pessoas, uma máquina de soja que colhe por 500 pessoas, uma plantadeira que planta por 500 pessoas. Mas você não tem um hortifrutigranjeiro que possa ser feito por essa máquina. Ali a mão do indivíduo, o contato, é fundamental, é outro tipo de agricultura. Vai exigir muito mais mão de obra do que automação. E você precisa utilizar essa mão de obra em coisas rentáveis. E ela é rentável porque eles pagam qualquer preço que você pede. O Sul do Brasil já está fazendo isso, de São Paulo para baixo já se está fazendo isso. As cooperativas do Paraná todas já estão fazendo isso com brilhantismo. Por que fazemos lá e não fazemos no Nordeste, no norte de Minas? É porque estamos perdendo tempo, não temos mais a Embrater.

Somos grandes exportadores de grãos. Há uma velha crítica de que deveríamos exportar mais produtos processados do que commodities agrícolas. Como o senhor vê essa questão?

Isso é mercado. Eu defendo naturalmente que cada vez você agregue mais valor. Mas você só agrega mais valor o dia que o mercado favorece para isso. Não dá para dizer: vou parar de vender soja para a China e vou vender frango, vou vender porco. Ela não quer. Mas na medida em que você vai demonstrando que o seu frango, o seu porco, a sua carne de boi, etc, é mais conveniente, ela vai querer. Por quê? Primeiro, por qualidade, segundo, por preço, terceiro, porque você tem constância de oferta. Em função de preço, qualidade e constância de oferta, ela vai preferir o seu. É o mercado que está oferecendo essa oportunidade, daí você pode fazer.

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Não adianta querer bater o pé e falar eu não exporto mais soja, só vou exportar frango. Não existe isso, gente. Você pode melhorar suas condições de produção, ser mais eficiente. Aí sim, o mercado vai te dar essa primazia. O consumidor compra o que é melhor para ele. Se ele paga dez reais por um quilo de frango e você chega com um frango melhor, que custa oito, ele vai querer. É logico.

Alysson Paolinelli foi indicado pelo segundo ano consecutivo ao Prêmio Nobel da Paz| Foto: Gerhard Waller / Abramilho

O seu nome foi indicado, mais uma vez, para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz. É uma indicação endossada por cientistas, pela colaboração que o senhor deu no desenvolvimento de uma agricultura tropical de alta produtividade, produzindo alimentos em regiões antes vistas como inaptas, como o Cerrado. É uma conquista, mas, do ponto de vista ideológico, para alguns foi um “pecado” colocar agricultura no bioma Cerrado. Como o senhor vê essa questão?

Isso é burrice. Você falou certo, é ideológico. Não mexe com isso não, que é só porcaria. O ideológico não pensa, ele age. Não tem nenhum sentido isso. Acabaram as terras boas do mundo, nós vamos passar fome? Não tem mais as planícies centrais da Europa, nem a asiática, nem a americana, que sustentaram o mundo por até 4 mil anos. Agora chegou a nossa vez. Nós criamos uma nova tecnologia, uma agricultura tropical, sustentável, altamente competitiva, e que ganhou o mercado deles.

Não é por falta de recurso que o povo vai passar fome. É por burrice mesmo. A ideologia leva a isso. Olha o que está acontecendo na Venezuela, Argentina, Peru e adjacências

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Só o Brasil abastece o mundo. Agora você tem que lembrar que o Brasil tem 2 milhões de km2 de bioma cerrado. A África tem 4 milhões. A Ásia tem 1 milhão daquele estepe, que é o Cerrado, é a mesma cosia. Quer dizer, não é por falta de recurso que o povo vai passar fome, não. É por burrice mesmo. Eles têm é que ser racionais. A ideologia leva a isso. Olha o que está acontecendo na Venezuela, Argentina, Peru e adjacências. Vai vendo aí.

Nós temos ainda 54% do cerrado brasileiro sem mexer, absolutamente virgem. Eu não acho que deva usar todo ele, mas só o que nós já antropizamos dá para abastecer o mundo hoje, com as tecnologias disponíveis. Especialmente esse ILPF (Integração Lavoura-Pecuária- Floresta), que, para mim é a tecnologia mais inovadora que o mundo já fez: integrar num mesmo ano, na mesma terra, três a quatro culturas, e tirar o maior proveito possível. Só na área tropical você faz isso. É absolutamente impossível fazer nas regiões temperadas.

Floresta em pé tem que valer mais do que a derrubada

Como vencer o desmatamento ilegal? Como virar o jogo na questão da preservação da Amazônia?

Ah, isso aí tem que botar a polícia em cima. O desmatamento ilegal. Agora, temos que evitar aquele condicionamento de que o sujeito que não tem renda vai derrubar a floresta, isso aí é perigoso. Vai derrubar a floresta porque não tem renda. Ou a ciência faz a floresta em pé valer mais do que a derrubada, ou nós temos que dar a ele uma outra forma de renda. É o que nós estamos tentando. Através de todas as produções. Ah, a pecuária está estragando... não é só a pecuária não. Todas as outras produções que são malfeitas, atrapalham. Agora, se a pecuária for pelo ILPF, ela é altamente sustentável, produz carne verde, absorve carbono em grande quantidade e resulta no que tem de melhor. Veja que a tecnologia muda as coisas.

O senhor acredita que o País irá receber o que merece por sua agricultura sustentável no mercado de pagamento por créditos de carbono?

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Eu não tenho dúvida, não só sobre o carbono, mas sobre a tecnologia de um modo geral. Por que não é só o carbono. É a biotecnologia que nós vamos desenvolver. Você vai resolver fazendo uma agricultura muito mais natural, muito menos química. Os adubos, que são solúveis em água, foram feitos para agricultura temperada. Tem que levar o adubo mais solúvel possível para a plantar absorver rápido e produzir o máximo em seis meses, e é uma lavoura só. Aqui não. Você joga o adubo com três anos de antecedência e a planta aproveita. Olha, isso aí vai mudar muito.

Eu defendo que nós precisaremos ter um novo 1974. Pegar uma turma de gente boa, recém-formados, doutores, que foram brilhantes, mandar para os grandes centros biotecnológicos do mundo, para ver o que estão fazendo. Nós já estamos na frente deles, mas é não deixar eles passarem na frente.

"Fui um aventureiro que pensou maluquices que deram certo"

Eu fui um aventureiro que juntou um grupo de malucos pensantes, que pensaram maluquices, mas deu certo, porque teve apoio do governo e nós fizemos. Na época, enviamos 1.530 formados, a maioria deles foi fazer doutorado no exterior. Foram os 100 milhões de dólares mais bem gastos pelo Brasil. Hoje a gente paga isso aí com uns quilinhos de soja, mas na época não.

Na época, o senhor teve um respaldo político? Porque parecia uma loucura mandar tanta gente para fora do país...

Tivemos respaldo total. Isso não foi ganho no lábio não. Tivemos que comprovar. Eu saí da universidade, com isso em mente, vim para Minas, trabalhei três anos aqui num programa de Cerrado. Na hora que deu certo, daí veio todo mundo a nosso favor. Eu montei a equipe e essa equipe comandou o processo no Brasil, de 1974 a 1979.

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Aqueles 1.500 foram um exército de inovação?

Ah foi, não tenho dúvida. Eles tinham uma bolsa que era maior do que o salário da Embrapa. Ué, mas por que você está fazendo isso? Por uma razão muito simples. Eu quero que você esteja trabalhando lá, mas que tenha um recurso a mais, para, num sábado ou domingo, convidar o teu adviser para comer um churrasco, para almoçar na tua casa, fazer um fim de semana junto. Porque eu quero que ele te conheça como pessoa, não como uma massa detentora de conhecimento. E quero que ele conheça o que é a agricultura tropical. Além disso, eu quero que vocês venham aqui pelo menos 2 a 3 vezes por ano, para não se desvincularem dos trabalhos da Embrapa. Para estarem ligados ao que estamos fazendo. Então, a definição foi essa: ciência lá, tecnologia e inovação aqui, no bioma tropical brasileiro. Essa foi a regra, e deu certo. Foram os 100 milhões de dólares mais bem gastos pelo País.

Para onde eles foram enviados?

Para todos os países que eram desenvolvidos. A maioria deles para os EUA, mas também para a Europa, Ásia, Austrália. Foram para todas as regiões do mundo que tinham agricultura sendo trabalhada. E aqui no Brasil também. Você tinha Piracicaba, Viçosa, Lavras, e as outras universidades, no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, etc. Aqui também tinha gente trabalhando.

Se o prêmio Nobel vier, será dos produtores rurais

Sobre o prêmio Nobel, eu sou muito franco. Me honrou muito, me emocionou, porque são meus colegas que indicaram, gente que trabalha comigo há tantos anos. Hoje a maioria deles trabalha sem receber, como eu faço. Agora, o que é impossível é que você queira imaginar que numa guerra dessa que nós estamos, que o Brasil vai ser generosamente aquinhoado por um prêmio Nobel. Eu acho muito difícil. Se ganhar, vou ser muito franco, esse prêmio é dos produtores, não é meu não.

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Como o senhor gostaria de ser lembrado pelas próximas gerações? Sua biografia já está completa?

A única coisa que eu quero realmente é que essa juventude que está aí entenda o que nós fizemos, critique, converse, discuta. Por que essa juventude é muito mais preparada do que nós. Essa tecnologia da informação, eles absorveram isso muito melhor. Vejo aqui em casa. Eu vivo no computador, preso nele, lendo as notícias, o diabo a quatro. Dá uma zebra aqui ou no meu smartphone, chamo minha neta de 11 anos. Ela vem, dá uma olhada, com três ou quatro toques e diz “eh, vô, você não aprende, hein?”.

Se essa juventude compreender realmente os desafios que nós passamos, como enfrentamos, e que ela será responsável para dar esse terceiro salto, fico muito animado com eles. Aqueles que não se contaminaram, que querem o Brasil como quer o brasileiro, um país livre, democrático, onde todos têm o direito de pensar, de fazer, de falar, de ouvir, esse é o país que eu acredito.