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O estado do Ceará, por meio dos Porto do Pecém e Mucuripe, tem se fortalecido nacionalmente como força na agricultura irrigada de alta tecnologia, na produção de frutas, hortaliças e flores para o mercado interno e exportação. São as vantagens competitivas do local, que tem contribuído em emprego e renda no campo e melhorado o desempenho da balança comercial.
De acordo com Sergio Baima, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado do Ceará, o resultado esperado nesse tema estratégico é uma economia rural fortalecida, sustentável e solidária.
Para se ter uma ideia da força das frutas para a economia local, por exemplo, enquanto as exportações do Ceará tiveram queda de 18% de janeiro a outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado (US$ 1,5 bilhão frente US$ 1,9 bilhão), a fruticultura segurou a onda e cresceu.
Nos dez primeiros meses de 2020, o Ceará exportou 17,2% a mais de frutas, comprando com o mesmo período do ano passado (US$ 50,2 milhões contra US$ 42,8 milhões). São destaques na exportação frutas como os melões, bananas, melancias, mangas, mamões, caju, coco, maracujá e acerola.
“Atualmente, o Ceará é o quinto estado brasileiro em produção e exportação de frutas. Fica atrás apenas da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo. Mesmo, com exceção da Bahia, nenhum dos outros três obteve crescimento este ano. E mesmo os baianos cresceram apenas 7,9%, diante dos 17,2% dos cearenses”, afirmou o engenheiro agrônomo Sergio Baima, que é o coordenador de Atração de Investimento do Agronegócio da Secretaria Executiva do governo local.
Os principais destinos das frutas cearenses são Estados Unidos, Holanda, Alemanha e Reino Unido. As negociações com a China e outros países asiáticos estão começando e devem se fortalecer em 2021. “Temos as melhores perspectivas para o ano que vem. A produção está crescendo, o nível de água dos reservatórios está voltando ao normal, após seis anos de severa seca, e estamos abrindo negociações com muitos novos países”, previu Baima.
Clima e solo
Para manter uma produção em alta, o Ceará conta com fatores como as condições naturais de clima e solo propícias ao seu cultivo. Para a exportação, além das condições naturais de produção, a localização do estado no hemisfério sul lhe dá a condição única de logística internacional, como o menor “transit time” para o hemisfério norte, além de grandes investimentos em dois portos internacionais, o do Mucuripe em Fortaleza, e o Porto do Pecém em São Gonçalo do Amarante.
“A fruticultura irrigada cearense é produzida com alta qualidade, produtividade e tecnologia pós-colheita e está organizada espacialmente em seis polos de produção: Ibiapaba, Baixo Acaraú, Curu/Metropolitano, Baixo Jaguaribe, Centro Sul e Cariri; com cerca de 45 mil hectares em produção, abrangendo 64 municípios, dos 184 existentes (35%)”, explicou Baima.
Hortaliças e flores
Com menos força do que as frutas, mas não menos importante para a economia cearense, as hortaliças e as flores também apresentaram crescimento este ano, de janeiro a outubro, comparado com os mesmos meses de 2019.
O aumento da produção e exportação de hortaliças, por exemplo, foi de 99,2% (US$ 2,1 milhões contra US$ 1 milhão). E o de flores foi de 29,9% (US$ 102,2 mil frente US$ 78,7 mil).
A produção de flores está distribuída em cinco polos de produção no estado, abrangendo 28 municípios dos 184 existentes, estabelecidos e organizados em função do desenvolvimento regional e de seus diversos microclimas. O principal polo de flores do Ceará é o Polo de Flores da Ibiapaba.
Em função das dificuldades no uso do modal aéreo, a produção forte e demandante tem nova oportunidade no mercado interno, pois os produtos de maior valor agregado como as flores (rosas, principalmente) somente podem ser exportadas convenientemente por via aérea. No entanto, a situação para 2021 deve melhorar no quesito exportação, uma vez que há articulações internacionais com a implantação de um novo HUB (centro de conexões) aéreo e novos voos internacionais a partir de Fortaleza.