O desequilíbrio entre oferta e demanda tem trazido apreensão para o agronegócio da América do Sul, principalmente na questão da sustentabilidade da atividade do campo. Porém, especialistas são enfáticos em afirmar que o “mundo precisa comer”, o que garante mercado para a produção de grãos e carnes da região.
Entre as novas janelas de oportunidades, a atenção deve se voltar para “Chíndia”, pontua Steve Cachia, diretor da Cerealpar. Os dois países - China e Índia - somam 37% da população mundial (2,7 bilhões de pessoas). O crescimento econômico tirou milhões de pessoas da pobreza e alterou os hábitos alimentares. “O consumo de alimentos cresceu muito. Quem aprendeu esse “luxo” não vai abrir mão”, explica Cachia.
Para ele, o pessimismo de alguns setores em relação à China, em virtude da desaceleração da economia de 10% para 7%, não se traduz para o campo. “Não dá para subestimar [a China]. A demanda deve continuar agressiva para o agronegócio”, aponta Cachia.
O ‘apetite’ chinês vai além dos grãos. A demanda por proteína animal está aquecida. Nos últimos 20 anos, o consumo de carne bovina e de ave aumentou, respectivamente, 15% e 175% no mundo. Na China, os índices foram de 408% e 418%.
A Índia, com população de 1,3 bilhão de pessoas, deve se tornar uma nova China até 2025. O país ainda precisa ser explorado comercialmente pelo agronegócio sul-americano, que pouco conhece o poder de consumo local. A nação asiática tem o menor consumo de carne per capital do mundo e sua agricultura registra produtividade abaixo da média global. Por outro lado, o país concentra riquezas, como 11% do ouro do mundo. “O aumento da renda, coisa que está acontecendo na Índia, muda até os hábitos religiosos”, destaca Cachia.
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