Um estudo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostra que o consumo de carnes na China saiu de uma média de menos de 10 kg por pessoa nos anos 1970 para 70 kg em 2022. E com espaço para crescer mais, chegando a 94 kg per capita em 2031.
Há um fantasma, contudo, que ameaça o consumo de proteína animal na China. Ele atende pelo nome de febre suína africana. Surtos da doença em 2019 obrigaram o sacrifício de milhões de animais e isso se refletiu numa queda abrupta no consumo de carnes, reduzido para 58,7 kg naquele ano. Controlado o problema, a recuperação veio rapidamente e, em 2021, a ingestão per capita já havia chegado a um recorde de 69,4 kg, se elevando no ano passado para 70,2 kg.
Nos últimos dias os radares estão voltados para províncias no Norte do país, onde teriam ocorrido novos surtos da peste suína africana, que não afeta os seres humanos, mas tem alta letalidade para as criações.
De qualquer forma, a produção interna de proteína animal não tem acompanhado o ritmo no aumento do consumo. Assim, no ano 2000 cerca de 1% das carnes consumidas pelos chineses tinha de ser importado. Esse percentual se elevou para 9,1% em 2021. De cada três quilos de carne que a China vai buscar no exterior, um quilo é fornecido pelo Brasil.
China importa quase 20% da carne bovina que consome
Os maiores volumes importados são de carne bovina (18,6% do consumo chinês), seguido da carne suína (8,3% do consumo) e do frango (5% do consumo). Outro aspecto destacado pelo USDA, é a mudança de hábitos no país asiático. A carne suína vem perdendo espaço, mas ainda representa mais de metade do consumo dentre todas as carnes. Dos 24 kg que os chineses deverão acrescentar a seus pratos anualmente, até 2031, a carne suína deve responder por 9,8 kg, a de frango por 7,9 kg e a carne bovina, 5,9 kg.
No período entre 2015 e 2020, a defasagem entre a produção de carne na China e o aumento do consumo doméstico se acentuou, o que levou o país a intensificar as importações de grãos para ração e das próprias carnes. Isso fez com que a China ultrapassasse, por larga margem, os países que até então eram os principais importadores – México, Coreia do Sul e Japão.
A procura pela carne bovina vem crescendo devido à mudança de hábito dos jovens nas grandes cidades, mais conectados com o resto do mundo do que com as tradições gastronômicas locais. E o aumento do consumo tem sido persistente, apesar de reajuste de preços mais expressivo nos últimos anos. Atualmente uma família chinesa gasta com carne o equivalente a 6% de todas as despesas domésticas.
Consumo deve se aproximar dos níveis do Japão e México
Se confirmar a agregação de pelo menos 17 kg ao consumo per capita até 2031, a China vai ultrapassar a média de ingestão de carnes do Japão, da África do Sul e do México, além de diminuir o “gap” de 20 kg a 30 kg que possui hoje, na comparação com os vizinhos Taiwan e Coreia do Sul. Ainda assim, a média de consumo ficaria abaixo de Estados Unidos, Argentina, Brasil e Canadá.
O quadro, de maneira geral, é interessante para o produtor brasileiro, segundo Lygia Pimentel, analista da consultoria Agrifatto. “Em alguns momentos o boi que vai para China tem pagamento superior, é um animal mais jovem em relação ao rebanho bovino comercial brasileiro e vale de 5% a 10% a mais. Isso é um estímulo para o produtor. Claro, quando tem muita oferta, esse prêmio não aparece, mas no longo prazo acaba estimulando a produção”.
O estudo do USDA foi feito ainda antes de acender o alerta da atual crise imobiliária na China. A projeção, no entanto, já levava em consideração um declínio no ritmo de crescimento da renda das famílias chinesas, de 5,5% em 2022 para 4,6% m 2031, abaixo da média histórica recente de 7,6%.
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