No Mato Grosso do Sul – estado que ocupa a quinta colocação no ranking nacional de produção de soja – os agricultores não estão nada satisfeitos com o clima. O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lucio Damalia, resume a situação: “fez sol quando não precisávamos e choveu quando não queríamos”.
Em diferentes regiões, duas longas estiagens, uma em outubro e outra no fim de novembro, castigaram as lavouras, principalmente aquelas plantadas entre o fim de setembro e no início de outubro. “Há relatos de talhões com produtividade de apenas 35 sacas por hectare”, diz o gerente do Departamento Agronômico da Copasul em Naviraí, Antônio José Meireles Flores.
Segundo o gerente da cooperativa, que tem sete unidades na região Sul do estado e mais de 400 cooperados, ainda é cedo para medir o impacto das secas. “Ao mesmo tempo em que tivemos relatos de baixa produtividade, também ouvimos produtores falando em 65, 70 sacas por hectare. Precisamos ficar atentos ao que vem a seguir”.
De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), outro problema tem sido as chuvas, que não dão trégua desde o fim de janeiro e estão atrasando a colheita da oleaginosa. Até o fim de janeiro, 3,2% dos 2,520 milhões de hectares de soja passaram pelas máquinas. A expectativa era de que o índice estivesse perto dos 5%.
Em São Gabriel do Oeste, o produtor Carlos Antônio Brauner estava com quatro colheitadeiras prontas para entrar em ação, quando foi frustrado pelas chuvas. Ele seria o primeiro produtor da região a colher. “Choveu 100 milímetros ontem e a umidade do grão está muito alta para podermos colher”, lamenta.
Produtividade
Mesmo com as intempéries climáticas, as projeções para o estado são animadoras. Leonardo Carlotto Portalete, analista técnico do departamento de produção da Famasul, conta que a estimativa de colheita é de 7,787 milhões de toneladas, 200 mil t a mais que no ciclo passado. “A média de produtividade tem se mantido em 51,5 sacas por hectare, o mesmo do ano passado, que foi recorde”, explica. Segundo Portalete, a área dedicada à oleaginosa no estado cresceu 2,5%. “Se mantivermos em 51,5 ou aumentarmos para 52 sacas por hectare, será um excelente resultado”, afirma.
Em Chapadão do Sul, no Nordeste do estado, o produtor Rudimar Borgelt espera repetir a produtividade média do ciclo anterior, 63 sacas por hectare. “Aqui nós temos menos área de dedicada à soja precoce, sendo a maior parte de soja semiprecoce, que costuma exibir uma produtividade maior”, conta.
De acordo com Portalete, com relação a pragas e doenças, há registros de casos de mosca branca e percevejo. O analista revela que os custos de produção subiram em relação à safra passada, puxados principalmente pelos fertilizantes, de R$ 2.500 na safra passada, para R$ 2.800.