A confirmação da ocorrência do fenômeno climático El Niño promete espantar o risco de geadas precoces e ao mesmo tempo garantir mais umidade para a safra de inverno. A avaliação dos meteorologistas é de que haverá chuva acima do normal, principalmente no Centro-Sul do Brasil. O quadro traz alento para os produtores que semearam o milho safrinha (segunda safra) fora da janela ideal de cultivo, mas preocupa os triticultores, que podem registrar quebra mais ao final do ciclo.
O El Niño é gerado pelo aquecimento das águas no Oceano Pacífico e resulta em chuvas mais intensas no Sul e Sudeste brasileiro e em menor abundância no Norte e Nordeste.
Conforme boletim divulgado no início do mês pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), o fenômeno já está se manifestando. Apesar disso, o agrometeorologista da Somar Marco Antonio dos Santos argumenta que trata-se de uma condição diferente em relação a última manifestação, em 2009/10. Ele explica que somente a porção central do Oceano Pacífico está aquecida – o normal seria uma variação de temperatura em toda a extensão do oceano. “Se fosse um evento clássico as chuvas cessariam mais cedo, mas não é o que está ocorrendo”, aponta.
O quadro deve resultar em clima semelhante ao de 2014, indicam os especialistas. “No ano passado não houve El Niño, mas já havia um aquecimento do Oceano Pacífico, o que garantiu mais chuvas”, compara o meteorologista do Climatempo Alexandre Nascimento. “Teremos um outono e inverno com mais umidade, principalmente no Sul e Sudeste do Brasil”, complementa Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
A condição tende a favorecer as lavouras de milho segunda safra, principalmente em áreas de maior risco. Levantamento feito pelo Agronegócio Gazeta do Povo com base em dados oficiais mostra que, no Paraná, 15% do total 1,8 milhão de hectares dedicado ao cereal foram semeados fora da janela ideal de plantio (que terminou no dia 20 de março). Em Mato Grosso, o índice chega a 35% dos 2,96 milhões de hectares cultivados (a janela recomendada vai até 28 de fevereiro). “É uma condição excepcional para o milho safrinha, com chuvas no final de abril e também no mês de maio, de forma mais irregular”, aponta Santos, da Somar.
Frio controladoAlém de mais água o El Niño tende a reduzir o risco de geadas precoces. “As temperaturas serão mais baixas, mas o risco de frio precoce é baixo”, pontua Lazinski. Ainda assim, a recomendação dos especialistas é monitoramento constante para evitar sustos. “Basta a entrada de uma massa de ar polar para que ocorra geada. E, dependendo do momento em que ocorrer, ela pode pegar uma grande parcela de milho vulnerável”, salienta Santos, da Somar.
9% da áreadestinada ao milho nos Estados Unidos foram plantados até a última semana, ante 13% de média histórica para o país. Frio intenso é apontado como principal responsável pelo atraso, mas a situação tende se inverter, diz o meteorologista do Inmet Luiz Renato Lazinski. “Apartir dessa semana as temperaturas vão voltar a subir.”
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