Se depender do El Niño, o veranico de aproximadamente 20 dias ocorrido no mês de agosto não se repetirá até o ano que vem. Meteorologistas confirmam que o fenômeno climático provocado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico está ocorrendo de forma mais intensa, e deve se sustentar até meados de 2016. O quadro promete condições mais favoráveis para a safra de verão, mas intensifica as preocupações quanto ao desempenho dos cultivos de inverno (leia sobre trigo na próxima página).
“O El Niño apresenta intensidade moderada a forte, e com tendência de se manifestar até 2016”, explica o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Luiz Renato Lazinski. Na prática, isso aumenta as chances de pluviosidade mais intensa na região centro-sul do Brasil, detalha o especialista.
“O final do inverno será mais úmido do que o normal, com chuvas acima da média. E os efeitos tendem a se estender ao longo da primavera e do verão”, pontua.
Em relatório divulgado ontem a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) confirmou as estimativas que indicam 85% de chances de o El Niño continuar em atividade até a primavera de 2016 no Hemisfério Norte (Outono no Hemisfério Sul).
O documento destaca que desde abril ganhou força o aquecimento na porção centro-leste das águas do Pacífico – característica chave para confirmação de ocorrência do fenômeno.
O quadro coloca um sinal de alerta para a colheita dos cultivos de inverno, como o trigo. Em excesso, a chuva pode dificultar a entrada das colheitadeiras ou favorecer a manifestação de doenças como bruzone e giberela, apontam os técnicos.
No Paraná a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) indica que até a semana passada as máquinas avançaram sobre 4% da área total. O índice representa incremento de três pontos porcentuais ante a semana anterior.
No contraponto, a primavera mais úmida tende a favorecer o plantio de verão no Sul e Sudeste do Brasil, que pode oficialmente começar em duas semanas, com o fim do período de vazio sanitário. Para o Nordeste, pondera Lazinski, o cenário tende a ser de chuvas escassez nesta temporada.
Estados Unidos
Na reta final das safras de soja e milho, os campos norte-americanos lidam com efeitos incertos derivados do El Niño. Algumas áreas sofreram com o excesso de água na fase de plantio, enquanto outras sofrem com um período recente com escassez de chuvas. “Somente no final de semana é que as chuvas retornam à todas as regiões produtoras dos Estados Unidos e na semana que vem há previsão de chuvas generalizadas e em bons volumes em todo o país”, detalha o agrometeorologista da Somar Marco Antônio dos Santos.
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