As chuvas que caem sobre os campos do Paraná não estão dando trégua para as lavouras de milho safrinha e trigo. Análise divulgada pela Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) aponta que a qualidade dos dois cultivos já está ameaçada, embora ainda não se possa falar em perdas na produção.

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Nas principais regiões produtoras de trigo no estado a preocupação é com a dificuldade em realizar os tratos culturais. “A situação é de alerta. As chuvas não são boas para o trigo, principalmente nessa fase”, diz o agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), Carlos Hugo Godinho -- 38% dos campos plantados no estado estão em fase de floração ou frutificação.

A Seab já identifica uma queda na qualidade dos campos cultivados com o cereal do pão. “Estávamos com 4% das lavouras em condições médias. Esse número já está em 9%. Ainda há 90% da área apresenta condições boas e apenas 1% são consideradas ruins. Mas a cada dia de chuva a preocupação aumenta”, salienta. Uma queda na qualidade do produto afeta diretamente a comercialização, já que o produto perde valor de mercado.

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O quadro se repete no milho. A comercialização está praticamente estagnada, consolidando um avanço de apenas cinco pontos porcentuais desde o dia 29 de junho. O total colhido soma 25% e entre os 1,4 milhão de hectares que ainda permanecem no campo 60% estão em fase final de maturação. O especialista em milho do Deral, Edmar Gervásio, aponta que nessa fase das lavouras a chuva tem impacto pontual na produtividade.

Com 93% das lavouras de milho consideradas boas e apenas 1% ruins, o principal risco é o excesso de umidade do grão, que aumenta as chances de desenvolvimento de doenças e eleva os gastos com secagem. “O excesso de umidade deve comprometer a qualidade e pode afetar os preços pagos ao produtor”, afirma Gervásio.

Chuva incessanteOs meteorologistas indicam que o quadro chuvoso deve continuar. “Essas chuvas, muitas vezes seguidas por fortes rajadas de vento também tem causado estragos nas plantações, principalmente de milho, uma vez que vem acarretando o acamamento das plantas, dificultando a sua colheita”, destaca o especialista Marco Antonio dos Santos, da Somar. “E o grande problema é que esse padrão meteorológico deverá se estender ao longo desses próximos 5 dias, agravando ainda mais as condições das lavouras”, acrescenta. Técnicos da Seab também relataram ocorrência de tornado no interior do município de Mariópolis, a 15 quilômetros da sede de Pato Branco, no Sudoeste.