A massa de ar que provocou a ocorrência de duas geadas no Paraná na última semana não ameaça retornar ao estado nas próximas duas semanas. Mas, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) não descarta que o fenômeno apareça novamente em setembro. A probabilidade de isso acontecer, aliás, é grande. “Anos de neutralidade climática, como é o caso agora, permitem entradas dessas massas muito intensas”, explica Luiz Renato Lazinski, do Inmet. Se a geada ocorrer, segundo Lazinski, pode pegar áreas altas do estado, incluindo regiões dos Campos Gerais, como Guarapuava e Ponta Grossa, além de Palmas. Ou seja, as regiões em que o trigo conseguiu escapar da queda acentuada de temperaturas nos episódios da semana passada, porque em maior parte das lavouras o plantio foi atrasado pelas chuvas.
Nas demais regiões produtoras do estado, as perdas foram generalizadas e comprometeram a produção de grãos e hortaliças. Nas contas do presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina e Tamarana, Narciso Pissinati, o café sofreu prejuízos significativos na região Norte, além do trigo. “Foi a pior geada dos últimos tempos”, define. No caso do café, ele ressalta que não havia o que fazer, porque a altura dos pés impedia qualquer ação.
As hortaliças também foram prejudicadas. Produtor há mais de 30 anos no Patrimônio Selva, na zona sul de Londrina, Eliel dos Santos Silva diz não se lembrar de outra geada como esta desde 1975. “Sobraram 10 canteiros. Plantamos um pouco de rabanete no lugar da alface queimada. Perdi dois mil pés de abobrinha paulistinha e mil de abóbora Itália”, diz.
No segundo dia de geada, outros cinco mil pés de repolho e um hectare de milho verde se perderam. “O prejuízo financeiro é irreparável e deve chegar a R$ 40 mil. É complicado, plantamos para colher uns R$ 50 mil, se pegar uns R$ 10 mil é muito.”
Noroeste
A geada negra que devastou as lavouras de café em Mandaguari, no Noroeste do Paraná, deve gerar prejuízos de pelo menos R$ 18,2 milhões para a safra de 2014. O cálculo é da Cooperativa Agropecuária e Industrial de Mandaguari (Cocari). Na madrugada de quinta-feira (25), os termômetros chegaram a marcar 6º C negativos no município, que é o principal polo cafeeiro da região.
A previsão para o ano que vem era comercializar 350 mil sacas de café a uma média de R$ 260. Como 20% da produção foi afetada, o déficit será de 70 mil sacas – daí os R$ 18,2 milhões em prejuízos. Só o produtor de café Edson Lopes, por exemplo, teve 50% da produção comprometida. “Metade da minha produção foi atingida. É um valor em torno de pelo menos R$ 100 mil perdidos”, calcula
Somente as mudas foram salvas. “Tentamos proteger as mudas de seis meses enterrando-as. Essas se salvaram. Semana que vem temos que tirar da terra.”
A geada também atingiu as produções de hortaliças, na região de Maringá, e trigo, na região de Umuarama. O milho não foi afetado pela geada. Isso porque o grão já estava em estágio final de maturação.
Colaborou William Kayser, da Gazeta Maringá.
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