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O arranque da safra de verão não foi tão bom quanto os produtores gaúchos esperavam e os radares meteorológicos, que no começo da temporada apontavam para clima favorável, agora indicam possibilidade de estiagem no Sul do país na virada do ano, justamente no período em que as plantas mais precisam de água.

Depois de duas safras frustradas – no verão e no inverno de 2011/12 –, o novo ciclo começou com problemas no milho e a luz amarela acesa para a soja no Rio Grande do Sul. Durante todo o roteiro que cumpriu nas principais regiões de produção gaúchas na última semana, a Expedição Safra Gazeta do Povo conferiu que plantações do cereal sem nenhum comprometimento são exceções no estado.

Em alguns casos, lavouras inteiras foram devastadas, obrigando produtores a investir em um novo plantio. Em muitas das áreas, como não há mais tempo para o milho, a saída é replantar soja.

A dúvida, contudo, é se haverá tempo e umidade suficientes. "A quebra do ano passado freou um pouco o plantio do cedo. Então, ainda tem muita coisa para plantar a partir de agora", relata Luiz Paraboni, presidente da cooperativa Cotrel, de Erechim.

"Já vi previsão de estiagem de 40 dias agora em novembro. E se continuo plantando e a chuva não vem? Perco as sementes", preocupa-se o produtor Jacir Scariot, da mesma região. "Mas, se paro tudo à espera de umidade, corro o risco de perder a janela ideal de plantio", completa Maurício de Bortoli, de Cruz Alta. O plantio da oleaginosa vai até dezembro, mas atrasar compromete a produtividade.

As incertezas com relação ao clima daqui para frente têm feito os gaúchos reverem as suas expectativas. "É tecnologia para 60 sacas (3,6 mil kg) de soja por hectare, mas para chegar lá precisa da ajuda do clima", conta Alexandre Wiedtheuper, de Não-me-Toque. "Vou plantar soja de alto potencial para reaver parte dos prejuízos do trigo e do plantio de milho", diz Bortoli.

No milho, a situação é ainda mais complicada. "Até agosto estava tudo às mil maravilhas. Mas aí veio a geada", relata. O produtor de Cruz Alta relata que lavouras plantadas mais cedo foram completamente perdidas. Segundo Gelson de Lima, gerente de Produção de Grãos da Cotrijal, cooperativa a que Bortoli é associado, 30% dos 40 mil hectares cultivados com o cereal precisaram ser replantados.

Menos afetado do que o Rio Grande do Sul, que chegou a perder 40% da sua produção de grãos para a seca no verão passado, Santa Catarina teve uma largada de safra mais favorável que o vizinho do Sul. Problemas com o trigo, que em muitos casos sequer atingiu qualidade de ração, fizeram com alguns produtores catarinenses avançassem com as plantadeiras sobre as lavouras do cereal. "Não vale a pena palhar e muito menos colher. Essa lavoura aqui não paga nem o óleo diesel das máquinas", explica Rodrigo Bigaton, de Abelardo Luz. Os problemas, entretanto, são localizados.

No Paraná, os produtores venceram o atraso inicial nos trabalhos e caminham para a reta final do plantio de verão com lavouras em boas condições. Previsões climáticas, contudo, não descartam problemas nesses dois estados e colocam em xeque previsões sobre a safra nacional.

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