Após seis dias consecutivos de temperaturas negativas, os produtores do Paraná contabilizam os prejuízos causados pelas geadas. Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), onde são cultivados 37 mil hectares de hortaliças, folhosas e legumes, o fenômeno causou danos em plantações de abobrinha, alface, couve-flor, brócolis, chuchu, morango e outros. Os estragos já podem ser medidos nos preços, que subiram até 33% - como no caso do chuchu.
FOTOS: veja imagens dos estragos causados pela geada no Paraná.
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Levantamento feito com base nos dados da Central de Abastecimento do Paraná (Ceasa), em Curitiba, revela que 10 produtos tiveram aumento expressivo de preço neste fim de semana, todos por causa das geadas (confira a lista no infográfico ao lado).
Em Colombo, na RMC, o produtor Angelo João Bontorin plantou chuchu, mas a expectativa de colher 300 caixas foi frustrada pelas condições meteorológicas. “Eu perdi tudo. Agora vou derrubar todos os pés e esperar até agosto para plantar. Meu investimento de R$ 3 mil foi perdido em um dia”, conta. O filho dele, Adriano Bontorin, que plantou abobrinha em outra propriedade, também perdeu toda a lavoura. “Eu vou duas vezes por semana à Ceasa, mas nesta semana já não poderei ir”, lamenta.
Milho safrinha
Os estragos causados pelo clima não se limitam à região da capital. O milho safrinha foi a principal cultura atingida no interior do estado. O gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, diz que ainda não existe um levantamento oficial de perdas. “Menos de 10% das lavouras foram colhidas até o momento”, relata. [A expectativa inicial era de uma colheita de 12,1 milhões de toneladas .
De acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral-PR), metade dos 2,2 milhões de hectares de milho safrinha do Paraná estão em áreas suscetíveis aos efeitos da geada.
Produtor de grãos em Cascavel (Oeste), Nelson Dal Galo, plantou 200 hectares de milho safrinha e já começa a contabilizar o prejuízo. “A geada foi forte demais”, diz, embora ainda não tenha quantificado a perda. Paulo Cézar Vallini, diretor do Sindicato Rural de Cascavel, também fala em quebra, mas diz que só poderá ter uma estimativa na próxima semana.
“ A folha [do milho safrinha] morreu toda, mas com o grão ainda não dá para ter certeza o que vai acontecer. Quebra vai ter, mas não sei de quanto.
Na região de Maringá, a cooperativa Cocamar afirma que produtores relataram ter perdido entre 20% e 40% da produção de milho safrinha. Outra preocupação é com o cultivo de café e com a pastagem para o gado, que foi queimada com a geada. “Os estragos existem, mas neste momento ainda é prematuro quantificar as perdas. É possível que em uma semana tenhamos uma dimensão mais precisa dos danos”,diz o coordenador técnico de culturas anuais da Cocamar para a região Noroeste do estado, Emerson Nunes.
Frio perde força, mas inverno será rigoroso
Desde julho de 2000 o Paraná não enfrentava uma onda de frio tão intensa e com duração tão longa como a deste ano -- clima que causou estragos em diversas culturas em todo o estado. No entanto, de acordo com o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Luiz Renato Lazinski, no decorrer desta semana as temperaturas vão aumentar gradativamente. “Os próximos dias serão frios e ainda teremos geadas no cinturão verde da Região Metropolitana de Curitiba e nas regiões Sul, Centro-Sul e Oeste, mas elas vão ser menos intensas”, explica.
O tempo segue firme durante a semana, mas há previsão de chuvas leves e localizadas entre sábado (18) e segunda-feira (20) em praticamente todo o estado, com exceção da região Norte, onde o sol predomina até na próxima semana.
Segundo o meteorologista da Somar, Marco Antônio dos Santos, não há mais previsão de frio extremo para os próximos 15 dias e o risco de novas formações de geadas diminuem. “No entanto, como não há mais influência do El Niño, massas de ar polar vão avançar com maior frequência sobre o Brasil nesse inverno, o que aumenta a possibilidade de novas geadas ao longo de toda a estação”, afirma.
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