No Paraná e no Brasil, a agropecuária ganhou espaço nos noticiários nesta sexta-feira (29) ao se destacar como o único dos três setores da economia a apresentar um desempenho positivo no primeiro trimestre de 2015. E, se desta vez o crescimento do setor não foi suficiente para positivar Produto Interno Bruto (PIB) estadual ou nacional, ao menos amenizou a retração dos índices. Mas, no agronegócio, as condições da atividade vão além do PIB. Questões relacionadas a fatores como, por exemplo, custos de produção, exportação e acúmulo de estoques relativizam esse desempenho e provam que um índice positivo nem sempre se traduz em renda ampliada ou mais dinheiro no bolso do setor.
Os dados de exportação mostram isso. Acostumada a sustentar o setor e ajudar a cobrir as contas nacionais, a soja não conseguiu segurar um déficit de mais de US$ 5 bilhões na balança de pagamentos brasileira nos três primeiros meses do ano. IBGE e Ipardes avaliam que a safra recorde da oleaginosa – colhida em sua maioria no primeiro trimestre – foi o principal fator para o aumento do PIB da agropecuária de janeiro a março. Porém, por mais que a produção tenha sido cheia, Brasil e Paraná exportaram menos. E os embarques caíram não só em volume, mas também – e ainda mais – em receita. Até março, o tombo era de 43% no país e 57% no estado, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A expectativa é que a soja se recupere até o final do ano e acabe fechando 2015 com aumento nas exportações. Mas o aumento deve ser só em volume, e não em valor. Ou seja, mesmo produzindo mais, não há garantias. A produção cresceu quase 10% de um ano para o outro, mas o PIB do setor deve encerrar o ano com crescimento pequeno. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que nas suas contas considera não apenas o a produção dentro da porteira, mas também das atividades de setores relacionados, como agroindústria, insumos e distribuição, o PIB do agronegócio deve crescer no máximo 1% em 2015.
Mesmo pequeno, o resultado positivo num momento em que outros setores estão em retração – mesmo na estimativa mais otimista, do governo federal, o PIB brasileiro deve fechar 2015 com queda de 1,2% – revelam que o desempenho do agronegócio é resultado de um plano de expansão que tem sido contínuo. E o mais importante: um crescimento sustentado, principalmente em produtividade.
Para continuar no exemplo da soja, a produção brasileira aumentou 77% na última década, mas a área cresceu 36%. Ou seja, o país produziu mais com menos ou, em economês, a relação entre a produção e os fatores de produção utilizados melhorou. Essa, dizem os economistas, é a chave para um PIB robusto. E isso não tem acontecido em outros setores ou na economia brasileira como um todo.
Nos últimos anos, o crescimento da economia brasileira e do PIB nacional foi baseado, principalmente, na entrada de mais trabalhadores no mercado e não no aumento da produção por trabalhador. Relatório do Conference Board mostra que a Produtividade Total dos Fatores (PTF) caiu 2,3% no Brasil em 2014 e que a expectativa é de nova retração neste ano, no quinto ano consecutivo de queda.
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