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Com 1,2 bilhão de habitantes, a Índia conquistou sua independência recentemente (1947). Antes era uma  colônia da Inglaterra, na maior parte do seu território. Tem um sistema de gestão republicano e se constitui na maior democracia mundial, que consolidada, é importante para uma região de muitos conflitos.

No período compreendido entre as décadas de 1950 a 1980, a economia indiana seguia tendência socialista. Naquele sistema, o país  se manteve paralisado por regulamentos impostos pelo governo, o que levou a uma corrupção generalizada e a um lento crescimento econômico. Em 1991, a economia nacional se converteu em uma economia de mercado.

Esta mudança na politica econômica, em 1991, se deu pouco depois de uma crise aguda no balanço de pagamentos, e passou-se a dar ênfase ao comércio internacional e ao investimento estrangeiro direto, primordial para a economia indiana, uma das que mais cresce no mundo.

As desigualdades sociais são enormes e o conformismo entre as pessoas impressiona muito, o que permite ao país ir se desenvolvendo sem muitos conflitos. Nas palavras do presidente da Índia, Pranab Mukherjee, que abriu conferência sobre abastecimento no final de janeiro, um terço de sua população (ou cerca de 400 milhões de pessoas) vive abaixo da linha de pobreza e a produção de alimentos diminuiu 7% em 2011, 2,8% em 2012 e diminuirá 2,1% em 2013. Agora querem dobrar essa produção em cinco anos, porque há muita subnutrição e pobreza.

Embora a Índia seja o maior produtor de arroz do mundo e tenha uma produção expressiva de trigo, algodão, milho e cana de açúcar, dobrar a produção é uma meta muito difícil, por que há deficiência em água. O problema é que as propriedades são pequenas – 60% têm menos de um hectare –,  usam pouca tecnologia e baixa mecanização e, portanto, têm baixa produtividade. Na Índia, o único setor que não cresce é a agricultura. Outros setores (indústria, serviços e turismo) têm gerado superávits e o governo indiano tem investido em infraestrutura. Exatamente o inverso do que ocorre no Brasil, onde o agronegócio é o único setor superavitário e o governo pouco investe em infraestrutura.

A conclusão que chegamos é que o agricultor brasileiro fez e faz a sua parte, mas o governo, não. Na Índia, o governo fez e está fazendo a sua parte e agora terá de motivar os agricultores a um esforço gigantesco para diminuir a pobreza e alimentar o seu povo.

O problema para nós brasileiro é que o continente asiático, o mais populoso do mundo, fica distante, o que encarece o transporte de nossos produtos. Perdemos competitividade nas rodovias e ferrovias, nos portos, nos impostos. Precisamos que o governo resolva parte desses gargalos.

Somos competitivos dentro da porteira, mais ainda temos e sempre teremos muito a fazer. A cada safra ou ciclo de produção surgem novas tecnologias e instrumentos de gestão. Precisamos estar abertos à modernidade e aproveitar os recursos naturais disponíveis, ampliando o uso da irrigação, desenvolvendo cadeias produtivas da lavoura e da pecuária, bem como o processo industrial. Assim o agronegócio continuará registrando superávits na balança comercial.

Há uma projeção alarmante. O globo terrestre terá 8 bilhões de habitantes em 2030, ou 9 bilhões em 2050, num mundo que já passa muita fome. O Brasil tem o papel de ajudar concretamente a diminuir este flagelo e, ao mesmo tempo, aproveitar a oportunidade de melhorar a balança de pagamentos de forma sustentada, melhorando a qualidade de vida dos brasileiros.

* O autor é diretor-presidente da cooperativa Lar. Irineu da Costa Rodrigues viajou à Índia duas vezes, a última entre 29 de janeiro e 3 de fevereiro para participar de uma conferência do governo indiano que discutiu a ampliação da produção de alimentos no país.

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