Em um evento da cadeia produtiva do algodão, realizado na semana passada, em Brasília, o respeitável e conceituado professor Marcos Fava Neves, engenheiro agrônomo, mestre e doutor, disse que o Brasil está fora de moda. Diante de uma plateia bastante diversificada das fileiras do agronegócio, do produtor à liderança política e empresarial, o docente emendou que para ser sustentável o Brasil precisa depender menos do agronegócio. Para os desavisados até parece que ele contou alguma novidade. Mas não. Fez apenas constatações, já conhecidas e comuns ao cotidiano da economia brasileira.

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Que precisamos depender menos do agronegócio todos nós sabemos. Agora, apontar soluções, nada. Aliás, a única coisa que parece ir bem é a cadeia do algodão, segmento pelo qual o professor foi contratado. Ele foi um dos autores do livro “A Cadeia do Algodão Brasileiro – Safra 2012/2013: Desafios e Estratégias”. Uma excelente obra, com um raio-x completo da cadeia, suas conquistas e desafios. A publicação coloca o setor brasileiro do algodão como “um dos mais formidáveis do mundo”, afirmação que concordo plenamente, a considerar o nível de organização, informação e tecnologia da cotonicultura nacional.

Entre os fatores críticos ao futuro da produção de pluma no país, o livro fala da competitividade com as fibras sintéticas; infraestrutura logística; produtividade; pragas e doenças; gestão de custos de produção; sustentabilidade; agregação e captura de valor; preço e mercado da pluma e do caroço. Com exceção da primeira e da última questão, peculiares ao algodão, os outros desafios também são comuns a outras cadeias produtivas do agronegócio e, porque não, à economia brasileira. Um cenário ou analogia onde podemos concluir que não é apenas a dependência ou a falta de competitividade do agronegócio que torna o Brasil menos competitivo.

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O senhor está certo quando diz que precisamos depender menos do agronegócio. Mas também é preciso dizer ainda bem que temos o agronegócio. É a produção agrícola e pecuária que sustenta a balança comercial brasileira. Ainda precisa melhorar seu índice de industrialização, é verdade. De qualquer forma, lá se vão 13 anos consecutivos com o agronegócio sustentando o superávit entre exportação e importação. Então, o senhor está certo. A economia brasileira precisa produzir mais conhecimento, tecnologia e valor agregado. Mas se isso ainda não ocorre no ritmo desejado, ideal para situar o Brasil entre os países em desenvolvimento, é importante ressaltar o que temos de bom.

Se é que estamos fora de moda, são vários os fatores que contribuem para esse status. O fato, inclusive, de alguns dos nossos talentos estarem a serviço de outras nações. E, por aqui professor, sinceramente, para o bem da nação, espero que o agronegócio nunca saia de moda.

Curitiba debate infraestruturaO Ciclo de Palestras Informação e Análise do Agronegócio chega a Curitiba. A última rodada do debate que percorreu o estado com a temática sobre infraestrutura de armazenagem e escoamento da produção será nesta quinta-feira, a partir das 8 horas, na sede do Crea-PR. Depois de passar por Ponta Grossa, Cascavel, Londrina e Maringá, o debate reforça a necessidade de ampliar as discussões entre todos os agentes que impactam, direta ou indiretamente, na cadeia da produção agropecuária. Existe crédito, mas também existem processos e muita burocracia. Construir armazém e estruturar o porto vai muito além de ter crédito e recursos. Tem a ver com política, questões ambientais e interesses que muitas vezes se sobrepõem à condição e necessidade maior de tornar o Brasil mais competitivo e o crescimento agronegócio mais sustentável. Vale a pena conferir. A realização é do Agronegócio Gazeta do Povo. Mais informações no site www.agrogp.com.br.

Soja para 17 milhões de toneladasRelato da FCStone sobre a condição da safra de soja no Paraná sugere uma produção final entre 16 e 17 milhões de toneladas. O potencial estimado pela consultoria para a temporada 2013/14 está em linha com o volume previsto pela Expedição Safra Gazeta do Povo ainda em outubro, de 16,4 milhões de toneladas. Para constar, o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab) trabalha com 16,37 milhões de toneladas. As estatísticas estão tão alinhadas como o clima está regular e favorável a uma safra histórica de soja no Paraná. A FCStone acredita que haverá colheita já na primeira semana de janeiro.