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Opinião

Estratégia global

No momento em que a colheita começa a ganhar ritmo no Meio-Oeste dos Estados Unidos, um sinal de alerta se acende para os produtores norte-americanos. Assim como os brasileiros, eles foram conservadores com a comercialização da produção de soja esperada para este ciclo. Venderam até o momento cerca de 20% da safra 2013/14. Isso significa que mais de 65 milhões de toneladas da oleaginosa ainda estão sem dono e serão despejadas no mercado mais fortemente a partir desta semana. O volume, somado à expectativa de mais uma colheita recorde na América do Sul, reforça a tendência de pressão negativa sobre as cotações da commodity na Bolsa de Chicago, onde são formados os preços mundiais. No Brasil, pouco mais de um terço da safra que começa a ser plantada foi negociada, conforme o último levantamento da consultoria Safras & Mercado. O índice atual também está atrás do registrado nesta época do ano passado, quando quase metade da colheita já havia sido vendida.

O conservadorismo que tomou conta dos campos nos Estados Unidos neste ano se deve ao trauma do ano passado. Mesmo diante de um horizonte próspero, com promessa de produtividades das lavouras dentro da média histórica, a seca extrema da temporada anterior ainda deixa marcas no retrovisor do campo. O calor e a estiagem do ciclo 2012/13 dizimaram mais de 100 milhões de toneladas de milho e cerca de 15 milhões de toneladas de soja.

Aos norte-americanos resta agora torcer por uma desgraça sul-americana. Os especialistas preveem novas altas nas cotações somente em caso de problemas nas plantações do trio Brasil, Argentina e Paraguai, que são responsáveis pelo abastecimento de dois terços do comércio internacional. Mas, por enquanto, os radares meteorológicos não indicam ameaças ao continente, que conta com as maiores apostas dos brasileiros.

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