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Uma rodada de chuvas nas áreas mais secas do Meio-Oeste dos Estados Unidos nesse final de semana interrompeu a arrancada da soja rumo aos US$ 14 por bushel na Bolsa de Chicago. Com desvalorizações de dois dígitos, o novembro/13 – contrato que baliza os preços para a colheita norte-americana – voltou a rondar os US$ 13,50, mesmo nível em que trabalhava há uma semana. A trilha negativa, porém, deve ter vida curta.

Mesmo diante da previsão de novas precipitações ao longo desta semana, o mercado avalia que a umidade não deve ser suficiente para reverter o déficit hídrico na porção Oeste do Corn Belt. Os chamados “I states” – Iowa, Illinois e Indiana – tiveram o mês de agosto mais seco desde 1895, quando tem início a série histórica do governo norte-americano.

As lavouras de Iowa, estado mais afetado, passaram os meses críticos de julho e agosto com cerca de metade do volume normal de umidade para esta época do ano. Nesse domingo, voltaram a receber a primeira quantidade mensurável de chuva desde 1° de setembro, mas na maior parte do estado os volumes acumulados neste mês ainda estão 75% a 95% abaixo da média histórica. Como é o maior produtor de soja dos EUA, resultados negativos em Iowa tendem a puxar para baixo a média nacional de produtividade.

Em relatório divulgado na última quinta-feira, o USDA, o Departamento de Agricultura do país, mostrou que o clima quente e seco do final de agosto e início de setembro já levou das lavouras norte-americanas uma saca por hectare. Mas as perdas devem ser ainda maiores. O próximo documento sai no começo de outubro e deve subtrair outras duas sacas/ha da média nacional. Se a expectativa se confirmar, a produtividade de 2013/14 ficaria muito próxima ao índice do ano passado (44,4 sc/ha).

Neste momento, 99% das lavouras de soja dos EUA estão em fase de enchimento de grãos. Ou seja, não estarão prontas para a colheita antes do final do mês. Com a maioria dos modelos climáticos de longo alcance apontando para temperaturas acima da média e precipitações perto ou ligeiramente acima da normal nos próximos 6-10 dias, as condições para o desenvolvimento das plantas deve melhorar conforme o nível de umidade dos solos aumenta. No entanto, o consenso entre os investidores que atuam em Chicago é que a safra dos EUA será boa, mas não perfeita. Até porque nem toda a área que foi semeada será colhida.

É no relatório de outubro que USDA combina os seus dados de área plantada com os da FSA, agência do governo norte-americano que monitora os pedidos de sinistro do seguro de perdas, o chamado “Prevented Planting”. Dados preliminares divulgados pela FSA na semana passada mostram que ao menos 650 mil hectares foram perdidos. Um novo levantamento mais atualizado será divulgado hoje.

Até que o USDA bata o martelo nos números oficias, no dia 11 de outubro, produtores brasileiros que ainda não comercializaram sua produção devem ter boas oportunidades de venda, talvez até acima de US$ 14/bushel. Mas será preciso ficar atento, pois os picos tendem a ser breves e a tendência é que as cotações voltem a apontar para baixo a partir da segunda quinzena de outubro.

Conforme a colheita avança em solo norte-americano, as atenções do mercado vão se voltando à América do Sul, onde é esperado um novo salto no plantio de verão. Com clima normal por aqui, o horizonte é baixista para a soja e serão as notícias da demanda, principalmente da China, que darão norte os preços.

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