Acolheita atrasada nos Estados Unidos e o plantio que ganha ritmo na América do Sul mostram que a temporada 2013/14 ainda não está definida e muito menos precificada. Com muita soja e milho ainda por colher na América do Norte e por plantar aqui no Brasil, o mercado caminha especulando e por vezes parece estar perdido. O produtor, então, mais ainda. As cotações, por exemplo, que vinham em queda livre, começam a esboçar sustentação. Num patamar mais baixo, é verdade, mas pararam de cair, meio que em compasso de espera. As implicações vêm do Brasil, que aponta para uma safra total com potencial para 200 milhões de toneladas. E dos Estados Unidos, que ainda não conseguiu se resolver com sua produção.

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Não restam dúvidas de que o potencial inicialmente estimado pelos norte-americanos está comprometido. Há certeza de que não será um ano excepcional. Ainda assim, será uma boa safra. A considerar as condições climáticas desfavoráveis desde o início do ciclo, esta deve ser uma temporada de superação. Das 370 milhões de toneladas que chegaram a ser estimadas, o milho deve perder perto de 20 milhões de toneladas. A soja, que teria condições de superar 90 milhões, deve render pelo menos 5 milhões de toneladas a menos.

Contudo, para quem perdeu mais de 100 milhões de toneladas em 2012, o ano ainda é de recuperação. De qualquer forma, uma redução de 30 milhões de toneladas sobre o potencial.

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No Brasil, a aposta é grande. Embora o clima neutro exija certa precaução nas previsões. Com aumento da área e maior investimento em tecnologia, a Expedição Safra Gazeta do Povo trabalha com 89 milhões de toneladas para a oleaginosa e pouco menos de 33 milhões para o milho de verão. Um expressivo incremento de mais de 7 milhões de toneladas na soja e redução de 3 milhões de toneladas no cereal. Isso, se o clima não resolver atrapalhar, já que neutralidade também significa maior risco e imprevisibilidade.Para piorar, aliado a esses dois fatores, de indefinições em Brasil e Estados Unidos, soma-se a ausência completa de um dos principais balizadores de produção e preço, referência mundial, que são os relatórios do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Com o vácuo de duas semanas sem o USDA, por conta do shutdown, a não aprovação do orçamento do governo, que paralisou muitos serviços públicos, o mercado segue às escuras. Predominam menos fundamentos e mais especulações. Um ambiente que também costuma ser contaminado por aqueles que querem fazer mercado, a qualquer custo, não na oportunidade, mas no oportunismo. Onde o maior prejudicado é sempre o produtor.

Neste momento, por exemplo, a situação é de total insegurança quando o assunto é comercialização, antecipada ou de balcão. Enquanto no Brasil o porcentual da safra vendida para a época está muito abaixo do ano passado, nos EUA, que está na metade da colheita, esse índice ainda é uma incógnita, mas não deve passar de 20%. O produtor que pode, segura sua venda. Mas será que as cotações podem voltar a subir ou tem margem para cair ainda mais? Eu diria que a primeira opção aparece com menor e a segunda com maior probabilidade. Mas as duas têm chance de ocorrer, cenário que deixa rendido o produtor que não está vendido.

Saber a hora de vender também é estratégia e depende única e exclusivamente do produtor. Independente do mercado especulativo, ou então dos fundamentos, a regra é escalonar a comercialização, diluir riscos e equacionar a rentabilidade. Assim como o mercado, o produtor também consegue especular. Ele até deve fazer isso, mas com parte da produção, uma vez que quanto menos vendido, maior o risco, que nem sempre ele está preparado para assumir. Mesmo porque, é preciso ter suporte e estrutura para segurar a produção, com capital e armazéns.

Expedição nos EUADepois de dez dias percorrendo o Corn Belt, o Cinturão do Milho dos Estados Unidos, com o roteiro que abre a Expedição Safra 2013/14, a conclusão é que o momento do mercado é de apreensão, comum à safra brasileira e norte-americana. A diferença maior é que por lá existe maior autonomia de comercialização por parte do produtor. No risco ou não, ele consegue armazenar perto de 90% da produção, enquanto que no Brasil ele é quase que obrigado a vender, porque não tem onde armazenar. A capacidade estática de armazenagem no Brasil representa em torno de 60% da produção.

CotaçõesSe as cotações de soja e milho despencam na Bolsa de Chicago isso não ocorre necessariamente porque há oferta abundante. É o mercado se antecipando. E especulando. Porque a maior parte dos grãos que está sendo colhida nos EUA, onde teoricamente há oferta neste momento, está indo direto para o armazém, não para o mercado.

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