O comportamento do clima na última semana fez ressurgir à memória dos produtores paranaenses o episódio traumatizante de 1975. Naquele ano, uma geada negra dizimou a principal fonte de renda da economia do estado, o café. Agora, porém, o impacto provocado pelo retorno do fenômeno será menor. Também pudera. Em 35 anos, a atividade agrícola foi aperfeiçoada, ou melhor, revolucionada. Embora o clima ainda dite seus resultados.
A economia continua sustentada no campo, mas não mais em somente um produto. De maior produtor e exportador de café, o Paraná teve tempo para por na estante outros importantes títulos. Hoje, é líder na produção e exportação de carne de frango e tem posição privilegiada no quadro de oferta e demanda de grãos, principalmente de soja, milho e trigo.
Em poucas palavras, o trauma fez o Paraná se transformar em referência nacional em diversificação de culturas, em produzir mais em menos, ou no mesmo espaço. O desafio, no entanto, é constante, assim como os riscos.
O protagonista deste inverno é o trigo. Matéria-prima na fabricação de alimentos como pães, massas e biscoitos, o produto é hoje artigo de luxo no mercado. Depois da neve e duas geadas, o cereal está perto de propagar uma crise de abastecimento, é o que mostra a reportagem de capa do caderno Agronegócio de hoje.
Além do grão e das hortaliças, o leite e a carne também tendem a pesar mais no bolso dos brasileiros a partir desta semana. O congelamento de algumas lavouras e pastos do estado deve limitar a oferta desses produtos. São reflexos de um clima neutro, que promete acompanhar os produtores ao longo de toda a safra de verão, que tem largada programada para daqui a pouco mais de um mês. Em meados de setembro, é hora de o Brasil fazer sua aposta de maior risco na soja, commodity que hoje é a principal alavanca da economia do estado e do país. A reza para São Pedro já começou.
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