O Paraná prova neste ano sua capacidade em produzir safras fartas, mesmo durante a estação mais fria do ano. A previsão é que as lavouras de milho, trigo, soja e feijão rendam 14,5 milhões de toneladas, praticamente o mesmo volume colhido da principal commodity cultivada pelo estado no verão. Se o volume for confirmado – a depender do clima – o inverno de 2014 terá produção 2 milhões de toneladas mais pesada que a do ano passado, ou 16% superior.
Em volume, o peso é igual ao da soja de verão. Mas, quando o assunto é renda, a história é bem diferente. Considerando os preços médios dos quatro produtos praticados no estado de janeiro a maio deste ano, percebe-se que a produção começa a chegar ao mercado sem o principal adubo, que é preço. Com cotação média de quase R$ 62 por saca, a colheita da oleaginosa rende mais de R$ 15 bilhões ao estado. As culturas de inverno estão longe dessa cifra. Se multiplicada a produção esperada pelos preços atuais, os grãos do frio renderiam R$ 7,3 bilhões ao estado. E é mais provável que o valor consolidado fique abaixo disso.
À medida que as colheitadeiras avançam sobre os mais de 3,5 milhões de hectares plantados no inverno as cotações recuam. A maior preocupação no momento é com o trigo, cultura que vem retomando terreno no campo nos últimos anos justamente por causa da recente valorização internacional, mas, que corre risco de ter preço mínimo no pico de colheita. Reféns da indústria, que fez estoques com produto importado, os agricultores tendem a recorrer ao “mercado artificial”, que são os leilões de compra do governo.
O problema de liquidez também é o problema do feijão, que teve parte da produção comprometida pela forte chuva da semana passada. Com a qualidade do grão prejudicada, os valores atuais estão muito aquém do mínimo.
O milho trilha o mesmo caminho. Até o mês passado, o preço do cereal estava mais alto em relação a esta época de 2013. Mas, com a evolução da colheita, começam a esfriar.
Apesar da redução de mais de 10% na área da segunda safra, o volume a ser colhido de milho é praticamente igual da temporada anterior. A sustentação nos preços só deve vir com problemas na produção norte-americana, a maior do mundo e que deve começar a entrar no mercado em agosto.