Em uma série de reportagens especiais, o Agronegócio Gazeta do Povo mostra, a partir desta semana, um pouco do modelo de negócio, dos desafios de gestão e as estratégias de sustentabilidade do cooperativismo, setor que virou sobrenome do Paraná no meio rural. Não por acaso. Hoje, as 231 cooperativas agrícolas em funcionamento recebem mais da metade da produção de grãos cultivada nos campos do estado. A movimentação envolve milhares de pessoas, gera emprego, renda, dentro e fora da porteira, e forma uma empresa bilionária a mais por ano. Um verdadeiro motor da economia.
O segredo de tamanho sucesso começa pelo modelo de trabalho, sustentado na transparência, no suporte aos produtores rurais e sócios dessas organizações, seja na assistência técnica, no financiamento ou troca de insumos, na divisão de sobras (lucros) – cada vez mais gordas –, e termina na industrialização. Se hoje o setor tem desempenho superior ao da economia estadual, isso ocorre em boa medida pela estratégia das cooperativas de agregar valor à matéria-prima, de transformar grãos em produtos finais para o consumidor, seja ele brasileiro ou estrangeiro.
De janeiro a abril deste ano, o setor faturou mais de US$ 720 milhões no comércio internacional. E para alcançar essa cifra, negociou pouco mais de 1 milhão de toneladas. São Paulo, o segundo estado no ranking com maior volume exportado no período, colocou no caixa US$ 120 mil a menos e precisou vender 400 mil toneladas a mais que o Paraná.
As cooperativas do estado também foram as que mais importaram matéria-prima. Ao todo, as compras somaram US$ 105,8 milhões, resultado que mantém a balança superavitária em relação as exportações, mas que revela oportunidade ao setor.
O principal produto adquirido no exterior foi a cevada, cultura que vem ganhando os campos paranaenses nos últimos anos, mas que tem potencial para ocupar maior espaço e consolidar o balanço positivo.