Sem El Niño ou La Niña, os dois fenômenos que tornam o clima mais previsível, os produtores brasileiros começaram o ciclo 2013/14 sem saber ao certo o que esperar. Mas o início da temporada surpreendeu. O plantio transcorreu sem grandes dificuldades de Norte a Sul do Brasil e o clima de arranque da safra foi praticamente perfeito. As plantas germinaram e se desenvolveram com vigor suficiente para atravessar sem maiores problemas um veranico de até duas semanas no final de 2013.

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Quando 2014 começou a colheita de mais de 90 milhões de toneladas e soja e de perto de 35 milhões de toneladas de verão parecia liquida e certa. Se o resultado das primeiras colheitas – soja precoce, de ciclo de cerca de 100 dias e, portanto, menor poder recuperação – excedia as expectativas, com rendimentos na casa das 60 sacas por hectare, as lavouras mais tardias não teriam problemas para vencer o veranico de dezembro. As chuvas prometiam, afinal, retornar a todas as principais regiões produtoras nas primeiras semanas de janeiro.

Mas justo quando os produtores se recuperavam do susto, a maré mudou e, agora, uma nova onda de calor volta a nublar as projeções, mostra edição de hoje do caderno Agronegócio. Termômetros marcando mais de 40°C acendem o sinal de alerta para as lavouras mais tardias, que entram agora em sua fase mais crítica do desenvolvimento com poucas chuvas nos radares.

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Olhando para essas previsões, consultorias privadas começam a recuar suas projeções. O risco existe de fato. Mas é preciso tomar cuidado com avaliações precipitadas. Num giro pelo Sul do país nas últimas semanas, a Expedição Safra conferiu que soja e milho pedem, sim, mais de água, mas que nem tudo está perdido. Na maioria dos casos, as lavouras ainda demonstram poder recuperação, principalmente nos materiais de ciclo mais longo, conhecidos por terem maior resistência estresses hídrico e térmico. É nesta hora que a tecnologia é posta à prova.

Para os mais pessimistas, basta lembrar da safra norte-americana 2012/13. No auge da maior seca em mais de 50 anos, produtores davam como certa um quebra de mais de 120 milhões de toneladas. Mas uma boa rodada de chuvas na reta final do ciclo salvou as lavouras do pior. Na soja, a quebra, que no auge da crise era calculada em mais de 15 milhões de toneladas, foi de menos de 5 milhões de toneladas.