A partir de amanhã, o calendário agrícola brasileiro mostra o início de um novo ciclo de grãos. Diante dos obstáculos insurgentes nas últimas semanas, como o aumento dos juros no Plano Agrícola e Pecuário 2015/16 e o reajuste da energia elétrica (o segundo no ano), o produtor enxerga, mesmo que no final do túnel, uma luz. Os preços internacionais da soja retornaram ao nível de US$ 10 por bushel em Chicago, mostra a matéria de capa de hoje do caderno de Agronegócio.
A elevação da cotação da principal commodity agrícola do mundo é, de certa forma, um alento para os produtores e também para os demais elos da cadeia produtiva do agronegócio. No final de 2014, o preço da oleaginosa atingiu o menor nível em quatro anos, desencadeando, de forma imediata, reflexos negativos no setor. Basta observar os números do segmento de máquinas agrícolas, que registra retração de 22,9% em 2015, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Nos anos anteriores, com a soja bem cotada, os negócios envolvendo maquinário bateram recordes atrás de recordes.
A elevação das cotações internacionais da oleaginosa traz a esperança de reaquecimento do mercado doméstico, não só de máquinas. Algumas consultorias, depois de projetarem redução da área do grão no Brasil, já mudaram o discurso e falam em ampliação, mesmo que singela. Independente do tamanho da área adicional que a soja possa incorporar no Brasil nesta nova temporada, otimismo sempre faz bem para qualquer setor. Ainda mais para o campo, acostumado a “segurar as pontas” dos demais setores da economia nacional, principalmente em momentos de crise.
Aliada ao aumento da cotação da soja, a presença de um El Niño traz presságios de produtividades acima da média na safra de verão brasileira. Usando o famoso jargão popular, “os astros parecem estar alinhados” para o agronegócio nacional. Ainda é cedo para cravar isso de forma unânime. Porém, é possível afirmar que as boas notícias na largada renovam o ânimo do setor para mais uma temporada.