No mês de julho, o Paraná consumiu boa parte do saldo positivo na geração de empregos acumulado nos três primeiros meses do ano. Foi o quarto mês consecutivo de balanço negativo, com 12,4 mil demissões. Os desligamentos no período quase liquidaram as 13.998 novas vagas de trabalho do saldo positivo registrado no primeiro semestre de 2015.
No entanto, um setor resiste bravamente ao recuo quase que generalizado nos outros segmentos. A exceção à regra é a agropecuária. As atividades ligadas ao campo assinaram mais 831 carteiras de trabalho no mês passado no Paraná.
Na contramão da indústria, que fechou mais de 7 mil postos no mês, compensando parte das perdas verificadas em outras cadeias. O desempenho mostra que mais do que resistir, a economia agrícola tem segurado o índice de emprego do estado no azul.No Brasil, o segmento agro criou 24.465 vagas em junho. Entre as áreas com melhor desempenho está a laranja, com mais de 7 mil postos, serviços de apoio à agricultura, mais de 5 mil, cultivo de lavouras temporárias não especificadas, com 4,8 mil e soja com 3 mil. O saldo positivo nacional do agronegócio no período de janeiro a junho, supera as 80 mil posições.
-- Apesar de ter sustentado saldo positivo na balança comercial brasileira por 13 anos, o agro não conseguiu repetir essa façanha em 2014. Embora tenha registrado superávit de R$ 80 bilhões.
-- Enfraquecimento das cotações internacionais da soja vem sendo rebatido pela desvalorização do real, mas isso impede um salto maior na renda agropecuária, afetando o resultado das exportações, bem como as contratações.
-- Ânimo dos produtores, às vésperas do plantio da safra de grãos de 2015/16, deve definir esse quadro. Como em outros setores, investimentos estão ligados à viabilidade.
-- O agronegócio acumulou resultados positivos na geração de empregos nos três primeiros meses do ano no Paraná, mas nos últimos quatro meses vem consumindo esse saldo. Ainda assim, situação é melhor que em outros setores.
E o segundo semestre, como será? Em tese, com a nova safra, que começa a ser cultivada em setembro, a tendência é que as contratações no campo fiquem aquecidas. Na prática, porém, a confiança do produtor rural, que é a mesma do consumidor urbano, é que vai definir as apostas. Uma aposta que tem muito a ver com economia, mas também com política, de onde vem não apenas o estímulo, como o incentivo e a segurança de continuar investindo.
O terço final de 2015 será, portanto, uma prova de fogo não apenas à geração de emprego, seja na economia agrícola ou urbana, como na retomada da confiança da população, do consumidor e do cidadão. Depositar as esperanças no agronegócio não está errado. Embora o setor tenha mais fôlego, não acredito que irá conseguir compensar o estrago dos outros setores nas contratações versus demissões. Mas com certeza vai contribuir sobremaneira para amenizar o déficit.
Exportações terão novo superávit
Foi assim com a balança comercial brasileira. Depois de 13 anos consecutivos sustentando o superávit, em 2014 nem mesmo com US$ 80 bilhões positivos o agro conseguiu evitar o furo de US$ 5 bilhões na relação entre exportações e importações. Mas assim como no comércio internacional, não fosse o agro, o saldo entre demissões e contratações poderia ser ainda pior. E bem pior.
Café de bem com o mercadoO Paraná não só produz mais café como exporta mais o grão e tem maior renda com as vendas externas do produto. De janeiro a julho, o estado teria embarcado 33% mais café na comparação com igual período de 2014. A receita foi de US$ 65,3 milhões, contra US$ 48,8 milhões.
Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), mesmo com os problemas provocados pela chuva em algumas regiões, o Paraná deve colher 1,1 milhão de sacas, quase o dobro do volume do ano passado.
O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) estima que a cafeicultura gera diretamente em torno de 15 mil empregos permanentes ou temporários, em 10 mil propriedades, a maioria com até 10 hectares.
Emprego em frigoríficosA realidade do café, assim como a da cadeia do frango, ajuda a entender como o Paraná está conseguindo, pelo menos por enquanto, segurar no campo positivo o emprego no estado.
No primeiro semestre os frigoríficos de abate de aves tiveram um saldo positivo de quase 5,5 mil postos de trabalho, 30% a mais que no mesmo período de 2014.
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