Brasil e Estados Unidos devem produzir juntos mais 200 milhões de toneladas de soja na temporada 2015/16. Existe, inclusive, a possibilidade de Brasil não apenas exportar como produzir mais soja que o concorrente norte-americano. Por aqui, como o plantio ainda não começou, as projeções estão na casa das especulações. Já nos Estados Unidos, onde as lavouras estão em fase final de desenvolvimento, a oleaginosa seguramente tem potencial para atingir as 100 milhões de toneladas. Embora o USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, tenha estimado na semana passada uma produção de 107 milhões de toneladas, o mercado trabalha com algo próximo de 105 milhões.
No Brasil, a grande expectativa está em um cultivo com potencial para superar, pela primeira vez, as 100 milhões de toneladas. O que não é difícil de ocorrer, a considerar que no ciclo anterior foram mais de 96 milhões de toneladas. O incremento para atingir essa marca seria inferior a 5%, um tanto quanto factível e adequado à realidade do mercado.
Para o USDA, no mesmo relatório divulgado na sexta-feira, o potencial brasileiro seria para 97 milhões de toneladas. Um número que deverá ser atualizado, conforme o desenvolvimento das lavouras no Brasil.
De qualquer forma, vamos deixar os números falarem por eles mesmos. Enquanto nesta semana são as colheitadeiras que se preparam a entrar em campo nos Estados Unidos, no Brasil são as plantadeiras que começam a entrar em cena, de Norte a Sul do país, para dar início, oficialmente, ao cultivo da safra 2015/16. Aliás, fundamentos que devem movimentar ainda mais o mercado, que sofre com as baixas na Bolsa de Chicago, mas que sustenta no Brasil com a valorização do dólar frente ao real. Com o câmbio acima de R$ 3,80, na semana passada a saca de 60 quilos se manteve entre R$ 68 e R$ 70 nas principais praças do Paraná.
As 200 milhões de toneladas que podem ser produzidas por Brasil e Estados Unidos devem representar perto de 65% da produção mundial de soja, que pode bater em 320 milhões de toneladas. Uma oferta bastante concentrada, que sugere uma demanda bastante pulverizada e um comércio internacional altamente disputado e competitivo. Em um olhar mais amplo, América do Sul (mais Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia) e América do Norte respondem por 85% da produção mundial.
Os dois maiores produtores de soja do Brasil - Paraná e Mato Grosso - estimam aumento de área de 2% e 2,06% respectivamente, ampliação de terreno que abre espaço para uma produção até 5% maior em relação ao ciclo anterior. Os dois estados representam juntos mais de 40% da produção brasileira da oleaginosa. O Rio Grande do Sul é o estado que projeta um crescimento maior de área, acima de 3%.
Sobra dinheiro, falta compradorOs bancos das próprias montadoras foram os principais financiadores de máquinas no período de janeiro a agosto de 2015. Com crédito mais caro e critérios mais rígidos à concessão, as instituições financeiras tradicionais perderam espaço nesse mercado. A participação dos bancos de montadoras no repasse de recursos do PSI (Programa de Sustentação do Investimento) e Moderfrota, que no mesmo período do ano passado era de 27%, saltou para mais de 57% em 2015. Os agentes financeiros que lideravam essa contratação viram sua participação cair de 61,6% para pouco mais de 37%.
As montadoras e concessionárias estão fazendo de tudo para desovar estoques e tentar estancar a queda nas vendas de tratores e colheitadeiras, que já recuaram, em média, perto de 35% sobre o ano passado. Representantes das montadoras, e também dos bancos alegam que dinheiro não falta. E crédito também não. O problema é que não existe comprador, mesmo com critérios mais brandos à concessão adotados nessa nova estratégia. Nesse caso, entendem as financeiras, vale até o risco da inadimplência. Embora ele tenha sido muito pequeno no setor nos últimos anos.
E depois, o agronegócio continua no azul, como um dos únicos setores da economia brasileira a não mergulhar na crise que toma conta do país. Não está imune, é verdade. Mas segue ao largo e com perspectivas de crescimento.
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