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O governo do Paraná divulgou na semana passada o Valor Bruto da Produção (VBP) do estado em 2014. Com R$ 70,6 bilhões, o índice que mede a economia agropecuária paranaense teve aumento de 2% em relação ao anterior, o que não deixa de ser uma grata surpresa ao se considerar o declínio da economia no segundo semestre do ano passado, assim como a retração nos preços das principais commodities agrícolas no mercado doméstico e internacional.  

Mas o destaque no indicador não está necessariamente na variação positiva, e sim no sistema de produção, que permite agregar valor na interação das cadeias. O significa que, mesmo com desempenho negativo, alguns segmentos podem, de certa forma, ter suas perdas compensadas em outras etapas da cadeia. É o caso do resultado do conjunto soja, milho e frango, por exemplo. Nem todos se saíram bem, seja pela conjuntura de mercado ou então pelo clima, que prejudicou algumas regiões e culturas do estado.

Ocorre que, juntos, os três segmentos renderam R$ 30,7 bilhões, o equivalente a 44% do resultado total do VBP. A análise do bloco é importante porque são segmentos complementares. O frango nada mais é do que soja e milho transformados em carne. A participação dos três no VBP é grande. Em um primeiro momento pode sugerir concentração, que por consequência sugere o risco. Mas, não. Ao contrário. São cadeias que se complementam, têm a diversificação como condição e formam um sistema de produção sustentável.

Economia agrícola

Se considerarmos que a agropecuária é a base da economia do estado, que tem 1/3 do seu Produto Interno Bruto (PIB) alavancado pelo agronegócio, os números mostram que o Paraná agrícola vai bem. Crescer num período de recessão, ou estagnação, como foi 2014, é no mínimo mostrar onde está a principal força econômica do estado. Uma análise que parece ser conveniente, principalmente a depender de onde vem o discurso. Mas que não é. Seja lá de onde vem esse discurso, seja ele político ou empresarial, público ou privado, o fato é que nem tudo vai mal na economia paranaense. Ou pelo menos poderia estar pior.

Dos mais de R$ 30 bilhões, a soja rendeu sozinha R$ 15 bilhões, apesar da queda de 10% em relação a 2013. Já o VBP do frango, que cresceu 8%, foi a R$ 10,2 bilhões, e o milho, também em alta, fechou com R$ 5,3 bilhões. Aliás, o setor de carnes como um todo, incluindo suínos e bovinos, ampliou seu faturamento em 2014.

O VBP do Paraná representa 16% do Valor Bruto da Produção nacional, apurado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em R$ 451,5 bilhões em 2014.

Urbana e rural

O VBP revela o faturamento bruto das lavouras e da pecuária. São mais de 400 itens avaliados pela equipe do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), que também faz uma classificação por regiões. Na prática, significa dizer o quanto rendeu a produção dentro da porteira. Em tese, um dinheiro que faz girar as economias regionais, no ambiente urbano e rural. Isso na base, a partir da produção primária. Porque depois há toda uma cadeia de valor adicionado, com produção transformada e faturamento multiplicado, o que faz do Paraná o estado mais agroindustrial do país.

Para 2015Conforme prévias do Deral, as expectativas são boas para 2015. A colheita de soja com 17 milhões de toneladas ou a safra também recorde de 38 milhões de toneladas no ciclo 2014/15 podem compensar as perdas com a desvalorização nos preços e contribuir para um novo ano positivo do VBP. Em um ano de anunciada recessão, o campo assume uma responsabilidade ainda maior de resultado e participação para amenizar o impacto negativo que certamente virá de outros segmentos.

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